O julgamento do feminicídio de Ana Carolina Juskow de Souza, ocorrido nesta terça-feira (25), no Fórum da Comarca de Londrina, terminou com a condenação de um dos réus, Jhoni Cavalheiro Alves, mandante do crime, e a absolvição dos outros dois, apontados como executores na denúncia.
Jhoni, que é ex-companheiro da vítima, recebeu uma sentença de 31 anos e 8 meses de reclusão. O MP-PR (Ministério Público do Paraná) pediu a absolvição dos possíveis executores do crime, Leonardo Araújo Michelassi e Adelson Bonfim, por falta de provas.
No julgamento, os jurados acataram todas as qualificadoras contra o mandante: feminicídio, motivo torpe, dissimulação e crime cometido na presença de descendente da vítima.
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Ana Carolina, que tinha 20 anos quando foi assassinada, estava com a filha de 2 anos no colo ao ser atingida por tiros disparados por dois homens que pediram água na porta de sua residência, no dia 26 de setembro de 2017.
O Néias - Observatório de Feminicídios Londrina, contudo, questiona e critica a absolvição dos possíveis executores do crime. "Passados quase 6 anos do crime, o julgamento expôs as falhas na investigação que levaram à não solução completa do caso. Se Jhoni, preso por outro homicídio, encomendou o feminicídio de sua ex-companheira, quem a executou? Com a absolvição dos dois réus nesta terça a pergunta segue sem resposta", aponta.
O Ministério Público reconheceu a inconsistência dos indícios, largamente explorada pelas defesas dos réus. Mesmo o defensor do mandante buscou relativizar o peso das ameaças feitas por Jhoni, reveladas em prints de conversas em redes sociais, questionando a validade do conteúdo como prova de mentoria do crime. A defesa também apelou para a desqualificação de Ana Carolina e do depoimento da mãe da vítima.
O julgamento revelou a ausência de perícias em celulares e notebooks dos apontados como envolvidos no caso. Sequer o copo utilizado pelos executores para beber a água oferecida por Ana Carolina pode ser periciado, uma vez que não fora acondicionado corretamente. As digitais se perderam.
"Os impactos das falhas na investigação atingem a vida de todos os envolvidos, começando pela família da vítima, que segue sem resposta completa e temendo pela segurança dos seus. A condenação do mandante pode trazer certa sensação de justiça, mas as lacunas permanecem e não podem ser omitidas", argumenta o Observatório.
Néias defende, ainda, que não se pode "normalizar ineficiência ou negligência em casos de crimes contra a vida. O rigor nos processos deve começar com diligências sérias e apuradas para que não se exponha as vítimas e seus familiares a sofrimentos prolongados e reiterados".