Será julgado nesta quinta-feira (22), pelo Tribunal do Júri de Londrina, Roge de Souza Silva,
acusado pelo feminicídio tentado e outras agressões contra sua
ex-companheira Josiane. A sequência de crimes teria ocorrido entre
janeiro de 2016 e junho de 2017. Ele foi denunciado por tentativa de
feminicídio por motivo fútil e na presença dos filhos; furto
qualificado, ameaças e vias de fato; tentativa de violação de domicílio e
descumprimento de MPU (Medidas Protetivas de Urgência).
Segundo o Néias - Observatório de Feminicídios de Londrina, as agressões contra Josiane foram
registradas na Delegacia da Mulher. Muito embora tenham sido emitidas MPUs, essas determinações não foram
suficientes para protegê-la do ex-companheiro.
O julgamento, a
partir das 9h, pode ser acompanhado presencialmente no Tribunal de
Júri de Londrina ou virtualmente pelo canal de youtube.
Entenda o caso
Roge e Josiane tiveram um relacionamento longo, de mais de dez anos, mas
estavam separados durante as agressões denunciadas pelo Ministério
Público. Ele tem histórico criminal e atualmente cumpre pena de 26 anos
por latrocínio. Antes disso, permaneceu preso por outro crime durante
dez meses e ao sair da cadeia procurou insistentemente Josiane na sua
casa, no local de trabalho e pelo telefone, perturbando-a e pedindo
reconciliação.
A tentativa de feminicídio ocorreu numa dessas
investidas, quando o réu entrou na residência e a agrediu física e
verbalmente. Na ocasião, ele chegou a jogar gasolina no interior do
imóvel, mas fracassou na hora de tentar atear fogo. Estavam no local os
filhos dos dois, de 2 e 5 anos, além da filha de 14 anos de Josiane.
O
fato teria ocorrido após ele agredir física e verbalmente Josiane
durante a madrugada, além de ameaçá-la de morte, motivado pela não
aceitação do fim do relacionamento. Posteriormente, o réu invadiu a
residência e subtraiu documentos pessoais, o celular e dinheiro da
ex-companheira.
Além disso, ameaçou repetidamente Joseane na sua
residência, no local de trabalho e pelo telefone; provocando, inclusive,
sua demissão.
Néias chama atenção para a repetição dos episódios
de violência, inclusive com descumprimento de MPU e registro em vários
boletins de ocorrência, evidenciando um longo histórico de agressões em
um relacionamento permeado por desigualdade e violência doméstica.
Embora
Josiane não tenha sofrido lesões físicas que a incapacitassem, esteve
por um longo período submetida a ameaças e agressões que ultrapassaram o
espaço doméstico, ocasionando dificuldades financeiras diante da perda
de sua casa e de um emprego estável.
Oito anos se passaram após a
denúncia de tentativa de feminicídio até seu julgamento, período longo
demais para quem espera por justiça, como observamos em outros
julgamentos acompanhados por Néias. O caso de Josiane se enrolou na
burocracia processual. Além disso, ela teve dificuldade de comparecer às
audiências, mesmo virtuais, em horário de trabalho, por medo de perder o
emprego.
Néias espera que a Justiça ofereça uma resposta eficaz
a Josiane, garantindo-lhe a segurança e a tranquilidade necessárias
para retomar sua vida sem o medo constante.