Dois suspeitos de integrar uma organização criminosa responsável por aplicar golpes em motoristas idosos foram presos neste domingo (1º). De acordo com as investigações da PCPR (Polícia Civil do Paraná), o grupo fez mais de 70 vítimas só no Paraná, totalizando cerca de meio milhão de reais em prejuízos.
A polícia cumpriu mandados de busca e apreensão em Curitiba, Araucária, na Região Metropolitana e em São João do Ivaí, no noroeste do estado. Foram apreendidos um carro, munições, celulares, notebooks e máquinas de cartão.
Os crimes investigados incluem estelionato e associação criminosa. As investigações, iniciadas em abril deste ano, revelaram que os criminosos escolhiam as vítimas em estacionamentos de comércios, abordando motoristas com a falsa alegação de problemas mecânicos em seus veículos.
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"Eles emparelhavam os veículos em via pública e indicavam que o carro da vítima estava com algum defeito mecânico. Esse primeiro golpista, muito solícito, dizia que trabalhava em alguma concessionária. Na sequência, avaliava o veículo e se oferecia a ligar para o mecânico da loja para que ele resolvesse. Pouco depois, outro integrante do grupo, um falso mecânico, aparecia”, explica o delegado Ramon Galvão Zeferino.
Desde 2022, foram identificados mais de 70 casos no Paraná. O grupo também fez vítimas em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. Com a prisão dos suspeitos, a PCPR continua investigando a extensão do golpe, buscando identificar outros integrantes do grupo e possíveis novas vítimas.
Em Londrina
Londrina também teve registros do golpe. Segundo a PCPR, foram registradas sete boletins de ocorrência sobre o que ficou conhecido como o "golpe do falso mecânico". No entanto, o delegado Edgard Soriani, da Delegacia de Estelionatos de Londrina, explica que existe mais de uma versão desse golpe. O chamado "golpe da fumaça" é feito com o mesmo objetivo, a diferença é que os golpistas jogam uma substância no escapamento da vítima que começa a soltar fumaça e, a partir disso, oferecem ajuda como mecânicos.
De qualquer maneira, o maior prejuízo acontece porque os golpistas utilizam uma maquininha adulterada, que faz diversas cobranças no cartão da vítima. Por isso, o valor do prejuízo varia. "Na maioria dos casos, o golpista passa várias vezes na maquininha o cartão da vítima, e não só o valor combinado. Em regra, eles usam o cartão da vítima para fazer várias tentativas e vários pagamentos sem ela desconfiar."
As vítimas da cidade são de idades variadas, não somente idosos, com a faixa etária entre 40 e 50 anos. Uma das vítimas, que prefere não se identificar, relata que foi abordada por dois homens em uma moto, com um deles afirmando ser mecânico.
Saindo de Ibiporã para Londrina, começou a escutar estalos embaixo do carro. Após parar em um
semáforo, a vítima foi abordada pela dupla, que afirmou estar vendo faíscas saindo do carro durante o trajeto.
Depois de sair da rodovia e estacionar, um deles, afirmando ser mecânico, se ofereceu para dar uma olhada no veículo. Um tempo depois de estarem mexendo no carro, os homens disseram que o problema era uma peça que estava solta, mas que ele poderia buscar uma peça nova e arrumar naquele mesmo momento.
A dupla saiu e voltou alguns minutos depois com a suposta peça nova, mexeram no carro novamente e disseram que todo o "serviço" teria ficado no valor de R$380, que foi pago naquele momento pela vítima.
Desconfiada, a vítima decidiu consultar um mecânico. "Ele confirmou que isso era um golpe. Os golpistas jogam pedras na frente do carro, e elas batem em baixo do veículo fazendo estalos. Ele disse que o carro não tinha nada de anormal e que nem tinham trocado nenhuma peça."
Alerta
O delegado Edgard Soriani faz um alerta para a população, reforçando que a melhor maneira de se prevenir é nunca confiar em desconhecidos oferecendo ajuda. "É importante tomar cuidado e não aceitar ajuda de pessoas que você não conhece, principalmente relacionado a serviços de mecânico, que demanda certa confiança."
Caso você seja vítima do golpe, é importante procurar a Delegacia de Estelionatos para registrar um boletim de ocorrência. A partir disso, é possível abrir uma investigação do caso e procurar imagens de câmeras de segurança para identificar os suspeitos.
A Delegacia de Estelionatos de Londrina fica na Rua Jonatas Serrano, número 263. O atendimento é feito de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 12h e das 13h30 às 17h. (Com informações da AEN)
*Sob supervisão de Fernanda Circhia