Do lado de fora do local, era possível observar a presença de diversos idosos, que saíram do estabelecimento com a chegada dos agentes. Inicialmente, remédios, três máquinas de cartão e cerca de R$ 700 foram apreendidos. Após o balanço ser anunciado, uma policial encontrou com uma funcionária da casa outra grande quantia de dinheiro. De acordo com Castro, o alto valor não chamou a atenção, visto que, em uma outra operação recente, um montante próximo aos R$ 40 mil foi apreendido.
Os policiais receberam informações sobre a casa de bingo por meio da denúncia de moradores próximos. O capitão ressaltou que o estabelecimento estava sendo investigado há cerca de três semanas, mas o período de espera foi necessário "para agir organizadamente e ninguém se machucar".
Uma mulher tentou fugir junto com a multidão de idosos, mas foi detida. "Quando os policiais chegaram ao local, a câmera corporal flagrou a correria. Existe uma forma padrão de eles operarem. A funcionária responsável pelo dinheiro saiu correndo para tentar ocultar o dinheiro, mas foi detida e revistada", explicou.
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Ninguém foi preso na operação. O capitão esclareceu que por ser uma contravenção - ou um "crime menor" - os responsáveis pela casa apenas vão assinar um termo circunstanciado. Os itens apreendidos vão ser guardados no quartel da PM até serem reivindicados pelo poder judiciário.
A dona afirmou, ao ser questionada pelos agentes, que o local serve para alugar mesas e cadeiras. A Secretaria da Fazenda foi acionada para verificar os alvarás.
Idosos revoltados
Os idosos que cercavam o local após a chegada da PM ficaram revoltados com a operação. Eles, que não quiseram se identificar, reivindicaram o direito ao divertimento que "Londrina não oferece".
"É o único lugar que a gente tem para ir. Tem o que aqui em Londrina? Por que não vão procurar ladrão ao invés de ficar aqui em cima da gente? Tanto bandido aí na rua!", exclamou uma idosa.
Segundo ela, a casa de bingo não oferece nenhum risco aos participantes. "Joga quem quer. A gente sabe até onde pode ir. Eu venho com um tanto [de dinheiro]. Se acabar, acabou. Se ganhar, eu fico."
Outro aposentado revelou à reportagem que é cliente assíduo do local. Segundo ele, cerca de 700 pessoas passam pela casa durante o dia. O idoso também questionou a abordagem, reafirmando não haver "nenhuma fraude".
"Esse pessoal aposentado, quando não vai à igreja, tem que ter uma diversão. Agora, imagina todo esse pessoal em casa, assistindo televisão... Pelo menos no bingo a gente se distrai. Eles não vão à nossa casa chamar para jogar. A gente vem de livre e espontânea vontade", disse.
O Capitão Castro ressaltou que a ação não é popular entre o público diretamente atingido, mas a prática acarreta em diversos outros crimes mais graves.
"Os idosos não aprovam esse serviço [da polícia]. No entanto, trata-se de crimes de um grupo organizado e que patrocina outros tipos de crime, como lavagem de dinheiro, o não pagamento de impostos e até mesmo corrupção de agentes públicos, que se omitem por não denunciar", concluiu.
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