Polícia

Bruno e Macarrão também queriam matar filho de Elisa

08 nov 2010 às 14:58

A ex-mulher do goleiro Bruno Fernandes, Dayanne do Carmo Souza, confirmou nesta segunda-feira, 8, a autoria da carta enviada ao Ministério Público no qual desconfiava da morte da ex-amante do atleta, Elisa Samudio, assim como temia pela morte do filho dela. Em audiência no Fórum de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, ela confirmou a maior parte do depoimento à polícia, inclusive que, quando o crime começou a ser investigado, Bruno se reuniu com a família e, aos prantos, disse que seria preso e que sua carreira havia acabado.

Segundo Dayanne, a reunião de Bruno com a família ocorreu após a polícia começar a investigar o desaparecimento de Eliza. A reunia, de acordo com ela, ocorreu na casa da avó do goleiro, que o criou. "O Bruno foi a Ribeirão das Neves e só chorava e dizia que carreira dele havia acabado. Que ele ia ser preso. Mas não sabia o que tinha acontecido com a menina (Eliza)", contou.


Poucos dias antes, Bruno havia encarregado a ex-mulher de cuidar da criança, que seria fruto do relacionamento dele com a ex-amante. Dayanne chegou a ser presa em flagrante acusada de sequestrar o bebê. Depois, revelou à polícia que havia deixado a criança com amigos do goleiro, por ordem do braço direito do jogador, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão.


"Sempre que eu falava com Macarrão, ele dizia que não era nada grave. Mas eu comecei a desconfiar. A possibilidade de o bebê estar correndo risco de vida era muito grande", disse, na carta enviada ao MP, cujo teor Dayanne confirmou à juíza Marixa Fabiane Lopes. E acrescentou que revelou onde o menino estava porque "temia o que podia acontecer com ele".


O temor, segundo ela, seria porque ouviu um dos primos de Bruno, Sérgio Rosa Sales - que confessou o crime à polícia - dizer que o plano inicial era matar Eliza e o bebê. "A criança poderia estar morta. A intenção do Macarrão era eliminar mãe e filho", acusou. Dayanne atribuiu a preocupação ao "instinto materno". "Saber que Bruno Samudio está bem, para mim já é um alento. Porque sou mãe. Ter cuidado de Bruno Samudio foi o erro mais acertado", declarou, referindo-se ao bebê.


Segundo a polícia e o Ministério Público, a criança seria o motivo do assassinato de Eliza, que travava uma disputa judicial com Bruno pelo reconhecimento da paternidade. Pelas investigações, ela foi morta a mando de Bruno pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, com ajuda de Macarrão de um primo do goleiro, de 17 anos, já condenado pelo crime. Eliza desapareceu no início de junho, mas seu corpo nunca foi encontrado e a defesa dos nove acusados do crime - inclusive a própria Dayanne - tenta negar o homicídio.


Inquérito. O depoimento de Dayanne prestado durante o inquérito policial termina com a afirmação de que, na opinião dela, "Eliza está mesmo é morta". Com exceção de uma data e uma relação de parentesco, essa foi a única parte do depoimento que ela corrigiu. "O que falei foi que se um ser humano, qualquer ser humano, é estrangulado, picado e servido aos cães, ele não pode estar vivo", afirmou, referindo-se à forma como, segundo as investigações, Eliza teria sido morta.


Mas Dayanne confirmou que Bruno via a ex-amante como um problema e que em 10 de junho Eliza saiu com o bebê do sítio do goleiro em Esmeraldas, também na Grande Belo Horizonte, junto com Macarrão e o menor. E que depois os acusados voltaram com o bebê, mas sem Eliza. "Não explicavam como saíram com a mulher e o bebê no carro e voltaram só com o bebê. Isso eu não entendia", afirmou.


Ainda segundo Dayanne, Bruno já havia prometido dar um apartamento em Belo Horizonte e uma quantia em dinheiro para a ex-amante. "Ele falou que estava tudo resolvido", contou. Porém, com o sumiço de Eliza, Dayanne revelou que pediu uma explicação para o ex-marido e "ele disse que Eliza tinha sumido e que queria 'armar' para ele". A armação, segundo o jogador, seria um sequestro forjado do próprio filho, motivo pelo qual Dayanne não deveria sair com a criança do sítio.

O depoimento de Dayanne não tem previsão de hora para acabar. Além dela, Marixa Lopes pretende ouvir ainda Elenílson Vitor da Silva, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, e Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno. Todos estão presos acusados de envolvimento no crime.


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