Ao invés de comemorar o Dia da Mulher, a população de Almirante Tamandaré e Rio Branco do Sul, Região Metropolitana de Curitiba, aproveitou a data para fazer um ato público cobrando solução para os assassinatos e desaparecimentos de 16 mulheres dos dois municípios. Com faixas, cruzes de madeira com o nome das mulheres mortas e um carro de som, a manifestação começou com concentração em frente à Prefeitura Municipal de Almirante Tamandaré, seguiu em passeata até a delegacia, encerrando com um culto ecumênico no centro da cidade.
''Eu quero justiça. Ficar dois anos sem nenhuma resposta mostra o descaso com que eles cuidam desse caso, só porque nós somos pobres. Se fosse com filho de deputado, governador, delegado, já tinham achado os culpados'', dizia o casal Elvira da Silva Rosa e Gentil da Rosa, inconformados com a morte da filha Maria Isabel da Rosa, 37 anos, casada e mãe de quatro filhos. Isabel foi a segunda vítima, morta em 23 de outubro de 1999, quando retornava de seu trabalho como camareira em um motel.
Rosalina Kapp também cobra soluções para a morte da sua irmã, Natalina de Fátima Kapp, 20. Auxiliar administrativa na Casa do Professor, em Curitiba, dia 28 de março do ano passado, Natalina saiu para trabalhar e nunca mais retornou. O corpo só foi encontrado no dia 5 de abril, num matagal no bairro Tranqueiras, em Almirante Tamandaré.
O primeiro assassinato aconteceu em agosto de 1999, e a última vítima, Maria da Luz Alves dos Santos, 33, foi encontrada no último dia 5, às margens da Rodovia dos Minérios. Todos os corpos foram achados em situação semelhante, com as calças abaixadas até os joelhos, e a blusa e sutiã rasgados ou sem calcinhas.
Segundo o delegado Rogério Haisi, em nenhum caso foi caracterizada violência sexual, ou porque o corpo já estava em adiantado estado de deterioração não permitindo a coleta de material ou porque os exames não acusaram a presença de esperma. Outra característica comum é que a maioria foi morta por sufocamento. Os parentes das vítimas também fazem questão de frisar que, ao contrário do que vem sendo divulgado, a maioria das vítimas não era prostituta.
» Leia mais na Folha de Londrina deste sábado.