Uma mulher de 34 anos acionou a Polícia Militar de Minas Gerais afirmando ter sido agredida pelo próprio filho, de 12 anos, após ela questioná-lo sobre compras em um jogo de aposta online. O caso ocorreu na segunda-feira (15) em Patos de Minas.
De acordo com a polícia, a mãe contou que descobriu que o menino gastou R$ 2.000 no cartão de crédito dela para fazer apostas. Questionado sobre o gasto, ele ficou nervoso e a agrediu com um soco na boca, relatou a mãe.
Segundo registrado no boletim de ocorrência, a agressão deixou hematomas e causou sangramento. O caso é investigado pela Polícia Civil como lesão corporal, e segue sob sigilo conforme o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
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O adolescente está sob os cuidados do pai, que não mora com a mãe. Os responsáveis foram orientados a procurar tratamento psicológico para o filho.
Pesquisa Datafolha mostrou que os mais jovens são os que mais fazem apostas esportivas online. Dos usuários dessas plataformas no Brasil, 40% têm entre 16 e 24 anos –a pesquisa, realizada em dezembro do ano passado, entrevistou pessoas a partir dos 16 anos. Dentre a população brasileira dos 16 aos 24 anos, 30% já fizeram apostas.
Mestre em psicologia pela PUC-Rio, Matheus Karounis avalia que a necessidade de segurança financeira, proposta pela ideia de dinheiro fácil, é ainda mais sensível em crianças e adolescentes, que ainda estão formando suas personalidades e interesses.
"Essa falsa facilidade que os jogos de aposta apresentam em suas propagandas e [divulgação por] influenciadores pode construir uma noção irreal da vida pessoal, profissional e social da criança", afirma Karounis, que orienta pais e responsáveis a procurarem ajuda profissional caso percebam uma possível compulsão.
Para o psicólogo, que é especialista na área de ansiedade, depressão e transtornos de atenção, o tema requer um esforço conjunto.
"As escolas precisam incluir esse debate em sala, propondo esclarecimento real sobre educação financeira. Já o governo deve promover campanhas públicas contra essas propagandas, maior regulamentação da internet, bem como de propagandas por intermédio de influenciadores que acessam esses jovens. E pais e responsáveis devem monitorar quem são essas pessoas que influenciam seus filhos a consumir esse tipo de conteúdo", diz Karounis.
No Brasil, promover o uso de jogos de azar por crianças e adolescentes fere as leis de proteção à infância e os critérios estabelecidos pelo Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) e pelo Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária).
COMO BUSCAR AJUDA
Os Jogadores Anônimos do Brasil, promove encontros para compartilhar experiências e ajudar outras pessoas a se recuperarem de problemas com jogos. Há cidades que realizam reuniões semanais regulares.
O Pro-amjo Serviço do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP é voltado para estudar e tratar pacientes com transtornos causados por jogos.
Ou a pessoa pode procurar uma UBS (Unidade Básica de Saúde) ou Caps (Centros de Atenção Psicossocial) próximo de sua residência para encaminhamento psicológico.