Uma exposição de trabalho escolar de alunos do Colégio Estadual Dom Geraldo Fernandes, em Cambé (Região Metropolitana de Londrina), provocou a ira de pais e de autoridades desde a sexta-feira (27) ao retratar suicídio, aborto e uma bíblia queimada, com manchetes de estupros cometidos por líderes religiosos, em diferentes ocasiões e localidades. O contexto do trabalho escolar, entretanto, não foi explicado até o momento pela direção ou pela professora, que não foram encontrados para entrevista até a tarde deste sábado (28).
O caso veio à tona depois que o aluno de 14 anos, que cursa o nono ano no colégio, comentou com os pais o conteúdo da exposição. "Meu marido foi até a escola nesta manhã [sexta, 27] e constatou o conteúdo", conta a mãe. O marido dela registrou fotos que viralizaram nas redes sociais. "Ela já deu outros trabalhos estranho, com meninos vestidos de meninas e vice-versa", conta a mãe.
Segundo ela, o que deixou os pais indignados foi a exposição de uma bíblia queimada e rasgada sobre um púlpito, com manchetes sobre pares envolvidos em pedofilia, e bonecas penduradas com cordas no pescoço, incitando o suicídio. "Estão sugerindo que a religião leva ao suicídio", disse ela na sexta-feira, antes de entrar no colégio. A direção, segundo ela, retirou a exposição antes da entrada de pais e da imprensa.
Repercussão
Um boletim de ocorrência foi registrado e a direção da escola e a professora devem ser ouvidas nesta segunda-feira pelo delegado Roberto Fernandes. Ele classificou as imagens como "preocupantes", mas foi cauteloso ao afirmar que precisa ouvir os responsáveis para compreender o objetivo da exposição. "É preciso entender o contexto, porque as imagens podem ou não fazer apologia ao aborto e ao suicídio', justificou.
A exposição também virou tema de debate nas redes sociais. O senador Magno Malta (PR-ES) divulgou vídeo nas redes sociais em que critica o conteúdo da mostra e afirma que vai convocar os envolvidos para serem ouvidos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga maus-tratos a crianças e adolescentes.
O Núcleo Regional de Educação marcou para a manhã desta segunda-feira (30) uma entrevista coletiva para se posicionar acerca do caso. O Bonde não conseguiu contato com o diretor da escola neste sábado, nem com o colégio, na sexta.