A Polícia Federal ouve hoje, em Curitiba, a ex-técnica do Projeto Lumiar - que presta assistência aos assentamentos no Paraná -, Cláudia Cisotto. Ela é acusada de ter participado da extorsão de agricultores assentados em alguns municípios paranaenses. Ela mesma teria confessado que recebeu alguns depósitos de produtores e que teria repassado para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). De acordo com a denúncia, os assentados eram obrigados a pagar uma espécie de "pedágio" para os líderes do movimento. Recibos foram anexados ao inquérito da Polícia Civil de União da Vitória, presidido pela delegada Maria de Fátima Crovador Bittencourt. Em um deles, aparece o depósito feito por Ademir Estoqueiro para o MST no valor de R$ 15,00. O dinheiro seria referente à comissão da venda de uma vaca, que teria sido vendida por R$ 500,00.
O inquérito foi iniciado em junho deste ano. Foram ouvidos diversos assentados que acusaram o MST de cobrar uma taxa compulsória de 3% sobre todos os recursos destinados pelo governo. As investigações iniciaram após a denúncia feita formalmente por um casal expulso do assentamento Roseli Nunes por envolvimento com alcoolismo. Em setembro, os autos foram remetidos para a Polícia Federal.
O delegado Marco Antônio Lino Ribeiro, da Subregional de São Paulo, está presidindo o inquérito. Desde a semana passada ele está no Paraná, onde realiza uma série de diligências pelo interior do Estado. Ontem, a superintendência da Polícia Federal em Curitiba informou que Lino Ribeiro deverá voltar hoje, para a tomada de depoimentos.
A reportagem da Folha tentou entrar em contato com Cláudia Cisotto, mais foi informada que ela não quer dar entrevistas. A advogada Teresa Cofré, que faz trabalhos para a Comissão Pastoral da Terra e que defende a ex-técnica do Projeto Lumiar, confirmou ontem que ela deverá comparecer ao depoimento na Polícia Federal. Mas disse que não estava autorizada a falar sobre o assunto. "É um caso muito complicado. Ela está sendo vítima de toda esta situação desde o dia 14 de maio. Ela e a família estão sofrendo muito", declarou a advogada.
Ela não quis falar sobre o mérito das denúncias, apenas disse que por enquanto tudo está muito vago. "Ainda estamos analisando tudo e falaremos sobre o assunto quando for possível", destacou.