Enquanto o país assiste às cenas de cidades de vários estados sendo engolidas pelas fumaças de queimadas que ocorrem nas regiões do Amazonas, do Pantanal e do interior de São Paulo, o Paraná também vive o drama dos incêndios florestais e autoridades alertam que o Estado está prestes a bater o recorde desse tipo de ocorrências. O Corpo de Bombeiros do Paraná contabilizou até quinta-feira (22), 9.344 incêndios em vegetação no Estado, contra 4.011 situações semelhantes no mesmo período de 2023 (alta de 132%). Segundo a Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), o ano de 2019 foi o campeão de incêndios florestais, com 10.835 ocorrências, seguido por 2021 com 10.648 incidentes.
A Faep classifica que o principal motivo para o alto índice de incêndios florestais pelo Estado é a influência do La Niña, com temperaturas acima das médias históricas e períodos de estiagens prolongadas, condições favoráveis para as ocorrências. Esse cenário reforça a importância de se adotar ações preventivas, evitando que queimadas se alastrem, causando prejuízos e oferecendo riscos.
“Segundo nossos sindicatos rurais, temos registro de incêndios em diversas regiões do Paraná. Isso coloca em risco a produção agropecuária, nossas lavouras, aviários e granjas, assim como a vida das pessoas”, destaca o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette. “Precisamos, urgentemente, do apoio do governo estadual e, principalmente, das prefeituras municipais, para a conscientizar as pessoas e também combater essas ocorrências”, complementa.
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Ajuda de aeronaves
Na região Noroeste, a situação tem colocado em risco as propriedades rurais e até mesmo o meio urbano, com incêndios próximos da cidade. “Aqui está bem crítica a questão da seca. Em relação aos incêndios, tem sido algo bem grave, porque chegou ao entorno da cidade, atingindo loteamentos novos, que têm mata como divisas. Muita fumaça e cheiro de queimado na cidade”, diz Diener Gonçalves, presidente do Sindicato Rural de Cianorte.
O dirigente destaca que até aeronaves têm sido utilizadas no combate aos incêndios, pulverizando água sobre os focos. Além de alertar produtores rurais sobre os riscos das queimadas e sobre a adoção de práticas preventivas, o sindicato rural utilizou suas redes sociais para emitir alertas e para pedir auxílio. “A gente tem pedido aos produtores que têm tanques para ajudar os bombeiros, fornecendo água para os caminhões”, apontou.
Ação criminosa
Segundo o Corpo de Bombeiros, a metade dos incêndios causados pelo ser humano tem origem intencional – e pode, portanto, ser classificada como ação de incendiários. Os outros 50% dos casos dizem respeito a episódios em que o fogo se alastrou de forma acidental.
A capitã Luisiana Guimarães Cavalca, integrante da Câmara Técnica de Prevenção e Combate a Incêndio Florestal do Corpo de Bombeiros do Paraná, afirmou que o aumento do número de ocorrências preocupa também por conta da área queimada e da quantidade de dias destinados no combate a incêndios florestais. "Neste ano, condições climáticas estão favorecendo essa propagação do incêndio e dificultando sua extinção”, explicou.
Historicamente, o mês de agosto costuma ter estatísticas elevadas nesse quesito. Em 2024, porém, tem sido especialmente severo. Temperaturas elevadas, baixa umidade relativa do ar e chuvas escassas são alguns dos fatores que contribuem para a proliferação dos incêndios, como o que castigou na semana passada a região da Ilha Grande e Alto Paraíso, no Noroeste. Condição que melhorou com a chegada da chuva na sexta-feira (23).
Ainda no Noroeste, na semana passada, o fogo consumiu boa parte de uma Área de Preservação Permanente Ecológica em Maria Helena. Áreas do município de Cianorte e o Parque de Vila Velha, nos Campos Gerais, também sofreram com a força das chamas nas últimas semanas.
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