A empresa paranaense Nutrilatina adotou na sua linha de produção um novo sistema de qualidade de alimentos, que originalmente foi desenvolvido para as viagens espaciais da Nasa, com o objetivo de garantir 100% de segurança e higiene nos alimentos usados pelos astronautas. Até o final do ano, a empresa quer aplicar a Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) em 80% da produção, com a intenção de se posicionar bem em um mercado que movimenta US$ 1,5 bilhão.
O diretor-superintendente da Nutrilatina, José Damigo, disse que a implantação desse sitema segue uma tendência global, na qual as grandes empresas alimentícias adotaram o processo. "A empresa tem que se preparar para a competição que vai haver no Brasil nesse segmento", afirma. Segundo ele, o País está na mira de grandes multinacionais que querem investir no filão de alimentos para controle de peso.
De acordo com Damigo, por enquanto a Nutrilatina não tem interesse em exportar a sua produção, que hoje é de cerca de 5 mil toneladas de alimento por ano. "O mercado brasileiro ainda tem um potencial muito grande no segmento de alimentos especiais", avalia. Ele diz que esse setor, que envolve desde alimentos dietéticos a direcionados a crianças ou idosos, vendeu em 2000 cerca de US$ 1,5 bilhão, 30% a mais que no ano anterior. "Para se ter uma idéia, só no Estados Unidos esse valor foi de US$ 50 bilhões no ano passado", relata.
Todos os 123 funcionários da empresa receberam o treinamento para a implantação do APPCC. O processo de qualidade tem várias etapas, como identificação dos pontos críticos de controle. De acordo com Damigo, o Ministério da Saúde já vem acenando com a possibilidade que as empresas alimentícias que implantarem o APPCC não tenham mais a necessidade de registro. Ele diz que o APPCC (no original a sigla é HACCP), é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Organização Mundial do Comércio (OMC).
O treinamento e a certificação para esse processo de qualidade são concedidos no Brasil por entidades como o Sebrae e o Inmetro. De acordo com o consultor do Sebrae Onildo Benvenho, o APPCC ainda é novidade no Brasil, mas no exterior a grande maioria das empresas já o utiliza. "A princípio está sendo aplicado na indústria de alimentos, mas em breve vai haver uma versão para bares e restaurantes", revela.