Paraná

Mãe entrega filho e se arrepende

14 ago 2001 às 20:14

A adoção ilegal de um bebê recém-nascido virou caso de polícia em Curitiba. A mãe, que se arrependeu depois de entregar o filho a um casal, agora quer reaver a criança.

Os pais biológicos e o casal que adotou o menino foram ouvidos pelo Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride). De acordo com o delegado Harry Herbert, a mãe não teria recebido dinheiro pelo bebê.


A auxiliar de cozinha desempregada, Silvana de Souza, 20 anos, disse que resolveu dar o filho, que nasceu há uma semana, "num momento de fraqueza". A dona-de-casa Sirlei Aparecida dos Passos e o motorista Marcos Aurélio Martins de Souza, que são evangélicos, chegaram a registrar, na última terça-feira, a criança como filho deles.


Silvana, que tem um outro filho com três anos, contou que logo depois se arrependeu e ligou para o casal pedindo a criança de volta. "A Sirlei disse que não devolveria e que iria viajar com ele." Só daí ela contou ao ex-namorado, o lavador de carros Adriano Martins da Silva o que tinha feito. Silva foi então registrar queixa na delegacia. Em depoimento ao delegado, Silvana disse que teria entregue a criança para se vingar de Silva, que tinha terminado o namoro.


A mãe adotiva, Sirlei, 35 anos, afirmou que vai lutar para ficar com o bebê. Ela contou que conheceu Silvana no final da gestação, através de uma prima do marido dela. "Eu perguntei se era isso mesmo que ela queria. E ela disse que não tinha dinheiro para criar o filho." O menino foi entregue na saída da maternidade, na última sexta-feira. Ela afirmou que não deu dinheiro em troca da criança. "Meu marido apenas comprou um lanche e minha cunhada deu uma muda de roupa para ela sair da maternidade." Sirlei tem dois filhos, um de 17 e outro de 19 anos, e não pode mais gerar um bebê. Ela disse que já se informou sobre o sistema de adoção, mas desistiu ao saber da burocracia.

O delegado Harry Herbert disse que o casal que registrou a criança vai ser indiciado em inquérito policial por registro falso. Eles podem ser condenados a reclusão de três a cinco anos. A mãe biológica pode ser indiciada por abandono material do filho. O Juizado da Infância e Juventude vai definir quem ficará com a guarda do bebê. Enquanto não sai uma decisão, o casal que adotou vai ficar responsável pelo menino. No Sicride, uma média de dois casos de adoções ilegais são registrados por mês.


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