A chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Londrina, Sandra Regina do Amaral, disse que é válida a avaliação das coleções de livros didáticos feita pelo Ministério da Educação. Os professores, segundo Sandra Amaral, recorrem à listagem do MEC na hora de escolher os títulos utilizados em sala de aula. "O professor se orienta melhor com a listagem", afirma.
De acordo com a chefe do Núcleo, todos os anos o MEC divulga o guia, que fica disponível às escolas. Este ano, na opinão de Sandra Amaral, a participação das universidades no processo de análise dá mais credibilidade ao resultado. Ainda conforme a chefe do NRE, o livro didático é uma forma de apoio ao professor na sala de aula, mas não é o único recurso. "Com a reciclagem permanente, os professores ampliaram os horizontes e deixaram de se amparar nos livros", garante Sandra.
Alguns exemplos de erros e problemas contidos nos livros didáticos de 5ª a 8ª séries, diz o MEC, "chegam a atentar contra a integridade física dos alunos". Um livro de ciência da 5ª série da Editora Saraiva/Atual, intitulado Coleção Ciências Vida, recomenda que, em casos de intoxicação por ácidos, a pessoa deve "tomar solução de bicarbonato de sódio ou leite de magnésia". Ingerir esses líquidos, segundo o MEC, pode danificar ainda mais o sistema gastrointestinal. O mesmo livro manda que se passe gelo seco sobre a pele, em caso de infestação por parasita. Gelo seco e gás carbônico solidificado, em contato direto com a pele, causam queimaduras graves devido à baixa temperatura.
Ainda no mesmo livro existe uma recomendação para tratar queimaduras por substâncias químicas. O livro, na página 17, orienta o aluno a "lavar com água corrente abundante e, se a queimadura for causada por ácido, passar bicarbonato de sódio. Se for causada por soda cáustica ou semelhante, passar ácido bórico ou vinagre". A sugestão de se lavar com água é correta, mas nenhuma outra substância deve aplicada sobre queimaduras, uma vez que cada pessoa tem reação diferente a produtos químicos. As consequências, segundo o MEC, podem ser bastante graves e complicar a saúde de quem seguir os procedimentos prescritos no livro.
A reportagem da Folha tentou contato com a Editora Saraiva, em Curitiba, mas não obteve retorno da ligação.