À primeira vista, o protótipo parece mais um daqueles superbrinquedos destinados a jovens de espírito aventureiro. Basta olhar com mais cuidado, porém, para perceber certos detalhes no acabamento que o diferenciam dos convencionais.
A invenção, obra do mecânico Sérgio Iwanchechen, de Ibiporã (14 km a leste de Londrina), é o protótipo de um triciclo para deficientes físicos sem capacidade de locomoção, concluído esta semana depois de quase quatro anos de desenvolvolvimento.
Para montar o triciclo, foram necessárias uma moto Jog, comprada em leilão do Detran, e algumas peças de sucata, o que gerou um custo de aproximadamente R$ 600. O preço final para o consumidor gira em torno de R$ 2 mil.
De acordo com o mecânico, a finalidade principal é proporcionar aos deficientes um meio mais eficaz e acessível para o trabalho, já que as cadeiras elétricas à venda hoje, além de caras (em média, de R$ 9 mil a R$10 mil), limitam algumas atividades. Movidas apenas a bateria, elas praticamente impossibilitam, por exemplo, o uso prolongado ou em trajetos de inclinação acentuada.
A expectativa de Ywanchechen é que a invenção seja patenteada o quanto antes - ele já deu entrada no processo - a fim de comercializá-la a empresas que se interessem em produzi-la em larga escala. ''A idéia é fazer com que os deficientes voltem ou se adaptem melhor ao mercado de trabalho, pois o triciclo vai permitir o transporte de pequenas cargas'', justifica.
A estrutura da engenhoca leva, basicamente, uma moto Jog completa, mais parte das peças de uma segunda, o que garante ao sistema a estabilização em três rodas. Ao todo são dois tanques de combustível para um motor de 50 cilindradas, além do banco de automóvel, confeccionado sob medida, e duas carenagens, feitas pelo próprio mecânico. A velocidade máxima atingida é de 60Km/h, mas, quanto a isso, o criador faz uma ressalva: ''Não se trata de um veículo de corrida, mas de utilidade'', adverte.
Para circular pelas ruas, entretanto, o condutor precisa obedecer uma série de prescrições determinadas pelo Detran. Primeiramente, é necessário portar Carteira Nacional de Habilitação de categoria A (para motos), já que se ultrapassa o limite de 49 cilindradas, determinado por lei.
Além disso, no caso do protótipo de Ibiporã, a documentação da Jog junto com as notas fiscais das peças precisam ser enviadas ao Ciretran de Londrina para serem inspecionadas e repassadas ao Detran-PR, em Curitiba.
''Lá, a documentação é toda analisada para, então, se fornecer e gravar o número do chassi. Daí é enviada a um órgão do Inmetro para ser feito um laudo de segurança veicular'', explica a chefe da Divisão de Registro de Veículos (DRV) de Curitiba, Maria de Jesus de Paulo. O emplacamento é a etapa final, caso as anteriores transcorram sem problemas, e deve ser solicitado pelo proprietário do veículo.