O título exposição individual que a artista plástica Mainês Olivetti abre hoje à noite, no Museu de Arte do Paraná (MAP), não veio por acaso. "Interação e Possibilidades" não permite a passividade do público. A idéia é estimular o espectador para que ele se detenha frente às obras, buscando não apenas olhar e ver, mas sentir e perceber cada mensagem. "Acho que o artista não precisa falar tudo", justifica Mainês.
Desta vez, suas mensagens vêm através de seis instalações. É seu mais recente trabalho, produzido nos últimos meses especialmente para ocupar as salas do MAP. Nele, a artista continua abordando temas domésticos e questionamentos sobre a vida.
A instalação "Véu e Grinalda", por exemplo, foi montada com uma série de xícaras de porcelana que permanecem suspensas no espaço, a 1m20 do chão, onde se estende um tecido de tule branco. Mainês explica que esses elementos remetem à inicialização das tarefas domésticas. "É o começo do matrimônio, uma nova concepção de vida que a mulher terá de enfrentar".
Na terceira sala do museu está a instalação "Grinalda", uma série de treze cilindros de acetado que formam um semicírculo, cuja trajetória se completa por espelhos retrovisores de caminhão. "Eles fazem o diálogo com o expectador".
A mostra conta ainda com "Rainha do Lar", uma instalação feita com tule preto e impressões de xícaras em prata. Ali, Mainês forma um labirinto onde o espectador terá de passar para seguir adiante, sentindo a opressão do ambiente que reflete o cotidiano das tarefas domésticas. "Ficará a critério de cada um escolher se passará pelo meio do labirinto ou por fora dele", comenta.
Esta instalação funciona também como um questionamento da artista sobre a posição feminina na sociedade contemporânea. "Hoje a mulher tem uma sobrecarga de tarefas que deveriam ser divididas com o parceiro. É uma carga que carregamos há muito tempo", diz Mainês. "Mas elas devem ter o direito de dizer não a esse processo cultural já tão arraigado em nossa sociedade".
"Interação e Possibilidades" conta também com uma instalação formada por diversas caixinhas e placas em acrílico transparente. Elas fazem o reflexo e a interação com o espectador, pois dependem do vento e da própria movimentação do visitante, podendo criar pilhas, linhas, e imagens virtuais.
Mais uma vez, o objetivo de Mainês é criar um diálogo próprio com o espaço e com o público. "É para que o espectador saia de sua atitude passiva e possa olhar, ver, enxergar, sentir e interagir com a minha arte", reafirma.
Artista plástica atuante há 11 anos, Mainês participou do 53º e 54º Salão Paranaense; do 23º Salão de Arte de Ribeirão Preto (SP); do 16º Salão Arte Pará. Entre suas diversas exposições, tiveram destaque as do Museu Universitário da PUC/PR, em 1998 e a mostra "Aparências", no Museu Metropolitano de Arte de Curitiba, em 1999. A artista recebeu o "Prêmio Aquisição", da Secretaria Estadual de Cultura Paraná, no 24º Salão de Artes Plásticas de Jacarezinho (PR), e uma "Menção Honrosa" na 6ª Bienal Nacional Artes Visuais de Santos (SP).
Serviço: A exposição individual de Mainês Olivetti abre hoje no Museu de Arte do Paraná (Rua Kellers, s/n). A mostra poderá ser vista até o dia 17 de junho. O horário para visitação é de segunda a sexta das 10 às 18 horas e sábados e domingos das 10 às 16 horas. Maiores informações pelo fone 41-323-1617