Moradores de Figueira (125 Km ao sul de Jacarezinho), que possui cerca de 9 mil habitantes, e de vários municípios da região saíram às ruas nesta quinta-feira para protestar contra a decisão do Conselho Deliberativo da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel) de encerrar, dentro de três meses, as atividades na Usina Termelétrica do município.
De acordo com a Polícia Militar, cerca de 4 mil pessoas participaram do ato público, que percorreu as principais ruas da cidade.
Desde que a decisão do Conselho Deliberativo da Copel foi anunciada, uma Comissão Pró-Usina vem se mobilizando.
A comissão alega que além das 290 pessoas que perderão seus empregos, toda a economia da região será prejudicada com a paralisação da usina, que em 1996 foi terceirizada para Carbonífera Cambuí, responsável pela operação e manutenção da termelétrica.
''A população da nossa cidade depende das duas empresas para sobreviver'', destacou a presidente da Associação Comercial e Industrial de Figueira, Elizabete Gemin.
Ela disse que grande parte dos 150 estabelecimentos comerciais existentes no município será prejudicado com a medida. ''Eles vão acabar fechando ou terão que demitir funcionários para se manter no mercado''.
Elizabete lembra que há cerca de 15 anos existiam pelo menos mil pessoas trabalhando nas duas empresas. ''Quando começaram a reduzir o quadro de funcionários já sentimos o impacto. Agora, será um verdadeiro caos'', prevê.
O engenheiro de minas e responsável pelas operações da Carbonífera Cambuí, Nilo Schneider, explica que a Copel alega que o fechamento é necessário por causa do prejuízo causado pela termelétrica.
Entretanto, ele afirma que a repotenciação da usina, como está previsto em projeto apresentado em 2001 durante audiência pública, resolveria totalmente o problema financeiro.
Com a repotenciação, a capacidade de geração de energia passaria dos atuais 20 MW para 125 MW de capacidade nominal, aumentando os lucros da companhia.
O investimento seria da ordem de US$ 120 milhões. Schneider ressalta que as Usinas Termelétricas servem de garantia para manutenção do fornecimento de energia elétrica em casos de crise no setor hidrelétrico, como a ocorrida durante o apagão registrado no final de 2001 e início de 2002.
''Vários especialistas já anunciaram a possibilidade de acontecer uma nova crise dentro de dois anos no setor de energia elétrica. Hoje a situação é confortável, mas o futuro é incerto'', observa.