Paraná

Detentos em greve de fome fazem reivindicações

20 fev 2003 às 19:24

A mulher de um interno da Penitenciária Central do Estado (PCE), que disse se chamar Maria e se apresentou como defensora dos presos, acusou a direção do presídio de estar escondendo os reais motivos da greve de fome iniciada na manhã da última terça-feira. Segundo ela, os detentos teriam apresentado uma série de reivindicações ao diretor da PCE, André Luiz Ayres Kendrick, e ele não teria se mostrado disposto a atendê-las.

Por telefone, Maria ditou a lista que contém outros 12 pedidos dos presos, além da volta dos internos que foram transferidos para a Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP), única razão apresentada pela direção da PCE para o movimento.


Os detentos, segundo Maria, pedem ''atendimento jurídico à altura dos direitos dos internos; atendimento médico e odontológico; indulto de Natal aos que têm direito conforme decreto presidencial; transferência dos internos aos seus estados de origem e aos que pedirem a remoção; atendimento social, pedagógico e psicológico, que não estão tendo; estruturação do dia de visita com respeito aos familiares; visita de crianças todos os domingos (a visita só é permitida uma vez por mês); primeira visita com direito a entrar com identidade (são exigidos outros documentos); trabalho de ocupação para internos com oportunidade de remissão e pecúlio; revisão processual; regularidade para o banho de sol, no mínimo duas vezes por semana, sendo uma para o banho de sol e outros para prática de esporte; e visita da Comissão de Direitos Humanos''.


Diferente do que foi divulgado nesta quinta-feira, Kendrick disse que cerca de 900 internos continuavam em greve. Quatro deles, soropositivos, passaram mal, receberam alimentação e foram encaminhados para o Complexo Médico Penal (CMP). A revista nas celas teve continuidade nesta quinta para a retirada de alimentos deixados por familiares e de aparelhos de som e televisão.


Kendrick alegou que não conhecia a pauta de reivindicações dos presos e que a maioria dos pedidos já faz parte da rotina da PCE. O atendimento de técnicos para o exame criminológico, segundo ele, vinha acontecendo normalmente. O próximo exame, marcado para este sábado, só atenderá os internos que não aderiram à greve.

Quanto à demora na liberação das visitas, o diretor argumentou que cabe aos familiares colaborarem, levando alimentos em sacos transparentes para facilitar a vistoria. Já o atendimento pedagógico é feito pelo sistema de educação à distância. Segundo Kendrick, ainda não há confiança para retomar as atividades pedagógicas na escola e nem há empresas interessadas em montar canteiros de trabalho por causa do clima de insegurança.


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