Paraná

Ambientalista lamenta impasse de Haia sobre clima mundial

01 dez 2000 às 16:31

O coordenador do projeto Ação Contra Aquecimento Global em Guaraqueçaba (litoral do Paraná), André Rocha Ferreti, lamentou que a 6ª Conferência da Partes (Cop), que ocorreu em Haia, Holanda, na última semana não tenha avançado nas discussões sobre o clima do mundo. Ferreti é ambientalista ligado à Sociedade para a Proteção da Vida Selvagem (SPVS).

Por conta de um impasse entre dois grandes blocos dos países desenvolvidos, não foi possível a ratificação do protocolo de Kioto na conferência, como estava previsto. Esse protocolo prevê a utilização de mecanismos para redução da emissão de Carbono na atmosfera entre 2008 e 2012. "Não houve consenso em alguns aspectos técnicos e por conta disso a reunião terminou improdutiva", opina Ferretti.


Outra representante da SPVS na conferência de Haia, Alexandra Andrade, continua na Holanda. Ela é responsável pelo planejamento de projetos de ação climática da entidade e foi buscar parceiros para novos projetos da SPVS no Paraná.


Até agora, apenas 20 países ratificaram o protocolo de Kioto. Mas são países pequenos e sem importância na emissão de carbono. Os maiores poluidores, como comunidade européia, Estados Unidos, Canadá e Japão, só aceitam ratificar a proposta depois da definição de mecanismos de compensação. O Brasil também não ratificou. O protocolo só será considerado ratificado depois de países responsáveis pela emissão de 55% do carbono no mundo concordarem com seus termos. Os países desenvolvidos emitem cerca de 80% do carbono.


Só os Estados Unidos representam entre 25% e 36% das emissões mundiais. "Enquanto não houver acordo entre os Estados Unidos e a comunidade européia o protocolo não será ratificado", conta o ambientalista. O impasse deve-se às compensações por ações que já existam para a redução de carbono. O grupo liderado pelos Estados Unidos defende que a redução de emissão de carbono na agricultura seja considerado no cálculo das emissões gerais de cada país. A comunidade européia não aceita essa compensação.


"Acontece que na Europa não existe muita área para reflorestamento e agricultura, enquanto nos Estados Unidos e Canadá isso representa um diferencial significativo", explica o ambientalista. "Os interesses que estão em jogo são meramente econômicos."


O Brasil só vai assinar o protocolo depois que as regras ficarem claras. A posição oficial do país é intermediária entre os dois grandes grupos. A delegação brasileira aceita a compensação por novas áreas florestais, mas discorda da inclusão de práticas agrícolas conservacionistas e florestas já existentes nos cálculos compensatórios.

A próxima conferência anual das partes deveria acontecer em novembro de 2001, em Marrocos. Devido ao impasse, é possível que seja organizada uma segunda etapa da conferência de Haia, em maio do próximo ano, em Bonn, na Alemanha. "A segunda etapa da conferência vai servir para que se busque um avanço um pouco maior nas negociações, antes da reunião no Marrocos", conclui Ferretti.


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