O primeiro-ministro da Alemanha, Gerhard Schroeder, reeleito neste domingo para um segundo mandato de quatro anos, anunciou hoje a renúncia de sua ministra da Justiça, Herta Daeubler-Gmelin. Ela havia provocado forte reação dos Estados Unidos ao supostamente comparar a posição do presidente norte-americano George W. Bush em relação ao Iraque à estratégia do líder nazista Adolf Hitler de usar a política externa para desviar as atenções dos problemas domésticos. As informações são da CNN.
Em sua primeira entrevista coletiva desde que derrotou o conservador Edmund Stoiber, Schroeder disse que a ministra – que alegou que suas declarações foram retiradas de contexto – entregou uma carta afirmando que não permaneceria no cargo.
Depois das eleições, Schroeder apressou-se a rebater as alegações de seus críticos, de que o país enfrentaria uma crise política devido à maioria de apenas nove cadeiras que sua coalizão governista conquistou nas eleições. O governo de centro-esquerda dos social-democratas e dos Verdes – estes liderados pelo ministro do Exterior Joschka Fischer – detinham uma maioria parlamentar de 21 assentos antes do pleito de domingo. O resultado final da eleição só será conhecido no dia 9 de outubro.
Em seu discurso de vitória, Schroeder reconheceu as dificuldades políticas que poderia enfrentar. "Nós temos tempos duros diante de nós e vamos superar tudo juntos", declarou.
Uma das primeiras tarefas do primeiro-ministro é consertar as relações com os Estados Unidos, abaladas por sua rígida oposição a uma possível guerra liderada pelos norte-americanos contra o Iraque, pela polêmica das supostas declarações sobre Bush de sua ministra da Justiça.
Um porta-voz de Bush havia classificado os supostos comentários de "ultrajantes", enquanto a assessora de Segurança Nacional do presidente norte-americano, Condoleezza Rice, afirmava que as relações bilaterais tinha sido "envenenadas".
Nesta segunda-feira, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, também fez críticas a Schroeder. Ele disse que o a postura do primeiro-ministro durante a campanha eleitoral teve como efeito "envenenar" as relações entre os dois países.
Tentando contornar a situação, o ministro das Relações Exteriores, Joshka Fischer, disse nesta segunda-feira que os Estados Unidos são os mais importantes aliados da Alemanha. Ele também expressou seu desejo de continuar a desenvolver as tradicionais boas relações entre os dois países.