Mundo

Pesquisa contesta crenças sobre gravidez na adolescência

08 dez 2006 às 20:07

Estudos acadêmicos sobre gravidez na adolescência apontam para resultados que divergem do senso comum. Algumas das crenças contestadas são as de que a gestação precoce seja causada pela iniciação sexual precoce, pela influência da mídia e pela falta de informação sobre métodos contraceptivos.

É o que indica o resultado da pesquisa Gravidez na Adolescência: Estudo Multicêntrico sobre Jovens, Sexualidade e Reprodução no Brasil (Gravad), apresentada durante o seminário Diferentes Diferenças, promovido pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC), realizado entre os dias 4 e 8 de dezembro.


O senso comum atribui a iniciação sexual precoce à mídia, especialmente às novelas e filmes, à exaltação da sexualidade e do erotismo. Entretanto, dados da pesquisa mostram que os aspectos socioeconômicos e a trajetória familiar são os grandes responsáveis pela situação, principalmente entre as jovens de classes sociais menos privilegiadas.


As meninas não têm perspectivas profissionais e enxergam na gravidez a realização de um papel social. É o fenômeno da maternidade social, apontam os especialistas.


O principal aspecto abordado durante o seminário é o da evasão escolar entre as meninas que engravidam. As pesquisas apontam que, no primeiro ano após o nascimento do bebê, 25% das jovens param de estudar temporariamente, 17% param definitivamente e 42% já estavam fora da escola antes da gravidez.


Os especialistas sugerem que a educação sexual deve ser trabalhada de forma aberta, abordando aspectos relacionais de gênero e as dimensões afetivas da sexualidade. Outro alerta é trabalhar a educação sexual a partir de critérios etários e não de escolaridade, além de assegurar condições para evitar a evasão escolar de meninas que engravidam, bem como criar estratégias para a reinserção das jovens que engravidam depois de deixar a escola.

A Pesquisa Gravad, que ouviu 4.634 jovens de 18 a 24 anos, foi realizada pelas universidades federais da Bahia (UFBA) e do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), nas cidades de Salvador, Porto Alegre e Rio de Janeiro.


Continue lendo