Dez anos depois da conferência mundial ECO 92, no Rio de Janeiro, o trabalho ambiental da maioria dos países ricos é motivo de desapontamento para o secretário geral assistente da ONU, Marcel Boisard. Segundo ele, as ações que trouxeram mais resultado foram feitas nos países em desenvolvimento. "Cada um desses países criou sua Agenda 21, estabeleceu seus objetivos ambientais e trabalhou arduamente para alcançar suas metas", disse ele.
Boisard participa em Curitiba do segundo fórum preparatório para a conferência mundial de ecologia, a RIO+10, que acontecerá em setembro em Joanesburgo, na África do Sul. O Fórum Latino Americano de Desenvolvimento Urbano Sustentável foi aberto neste domingo, no Parque Barigüi, e termina nesta terça-feira, com a elaboração de um relatório que será analisado na RIO+10.
Graças a experiências bem sucedidas de prefeituras, organizações não-governamentais e empresas privadas, a ONU está mudando seu foco de ação, segundo Boisard. "A entidade deixou de negociar apenas com os governos das nações, e partimos para um trabalho mais próximo com as autoridades locais, pois são elas que conhecem melhor as necessidades e as soluções para os problemas de cada comunidade", explicou.
O conselheiro da Associação Mundial de Cidades (WACLAC), Mohammed Boussraoui, acrescentou que as autoridades locais são os primeiros a serem cobrados pela população. A WACLAC tem sede em Genebra, na Suíça, e defende o fortalecimento político e financeiros dos governos regionais e municipais. O conselheiro da entidade elogiou a mudança de escala na ação da ONU.
O prefeito de Cambé, José do Carmo Garcia, representou a Associação Brasileira de Prefeitos na abertura do Fórum da ONU em Curitiba. Ele reforçou a importância da administração dos municípios. "As cidades precisam ser fortalecidas. Segundo dados do Banco Mundial, em 2025 90% da população mundial viverá em áreas urbanas, e só uma pequena parte estará no campo. Precisamos pensar desde já em como atender essas pessoas", afirmou Garcia.