O primeiro leilão de um esqueleto de Tyrannosaurus rex na Europa acabou com o martelo sendo batido por um preço abaixo do esperado. Com poucos lances de interessados, o artigo foi arrematado por 4,8 milhões de francos suíços na tarde desta terça-feira (18) em Zurique.
Considerando a raridade desses grandes dinossauros e os valores praticados em leilões anteriores, esperava-se que a venda poderia amealhar entre 5 milhões e 8 milhões de francos suíços. Em 2020, um T. rex batizado como Stan foi vendido pela Christie's por US$ 31,8 milhões (cerca de R$ 178,9 milhões).
Responsável por negociar o exemplar, a casa de leilões Koller não deu detalhes sobre o comprador. A única informação é de que o "esqueleto permanecerá na Europa". Com o acréscimo da comissão de negociação, o valor total a ser pago pelo material chega a 5,5 milhões de francos.
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A midiática venda do Tyrannosaurus rex reacendeu o debate sobre o comércio internacional de fósseis, criticado por muitos paleontólogos por permitir que exemplares de alto valor científico acabem virando peças de decoração em coleções privadas de milionários.
Segundo os cientistas, as cifras milionárias acabam incentivando uma corrida pela exploração baseada apenas na questão financeira. Enquanto no Brasil a exploração comercial e a venda de fósseis é proibida por lei, há países, como os Estados Unidos e várias nações europeias, em que essas atividades são liberadas.
Nos EUA, existem equipes de "caçadores de fósseis" profissionais, interessados em descobrir os exemplares mais valiosos. Outro temor de pesquisadores é que leilões estimulem a falsificação ou adulteração de fósseis para inflar os preços das transações. Foi justamente uma suspeita de adulteração no crânio que suspendeu, no ano passado, o leilão de um T. rex batizado de Shen na Christie's em Hong Kong.
Para alguns cientistas, o Tyrannosaurus rex leiloado nesta terça (18) na Suíça pode ser considerado uma adulteração. O esqueleto é formado pela junção dos ossos de três exemplares distintos de T. rex. A situação, no entanto, foi destacada no material de venda do bicho, batizado de Trinity (trindade) para destacar esse ponto.
A maior parte do esqueleto axial e da região pélvica é composto de um exemplar escavado em 2013. Um outro animal, descoberto em 2012, completa os detalhes do esqueleto. Já o crânio é de um terceiro dinossauro, que também forneceu algumas outras pequenas partes. Ao todo, o T. rex montado tem 11,6 metros de comprimento e 3,9 metros de altura.
Por essa razão, o professor da Universidade de Edimburgo Steve Brusatte chamou o esqueleto de "um Frankenstein rex", mas considera que o material tem sua relevância. "Mesmo assim, esses fósseis são raros e cientificamente importantes. E sinto que eles pertencem adequadamente a um museu, onde podem ser mantidos em segurança, estudados por cientistas e inspirar crianças e o público de todas as idades", disse Brusatte em entrevista ao The Independent.
Um dos maiores predadores que já passaram pela Terra, podendo chegar às 8 toneladas, o T. rex viveu entre 65 e 67 milhões de anos atrás na região que hoje é a América do Norte. Apesar de seu tamanho, seus fósseis são raros. Segundo um levantamento de 2021, apenas 32 exemplares adultos já foram descobertos até agora.