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Grã-Bretanha quer fechar o cerco a imigrantes ilegais

07 mar 2007 às 17:55

O governo britânico está planejando uma grande ofensiva contra imigrantes ilegais, para evitar, nas palavras do ministro do Interior, que "estrangeiros" cheguem ao país para "roubar" os benefícios sociais e os serviços públicos destinados aos cidadãos britânicos.

Em entrevista à BBC, o ministro John Reid disse que quer tornar a vida de imigrantes ilegais "desconfortável e restrita". Segundo ele, as medidas devem impedir que imigrantes ilegais consigam habitação, atendimento de saúde e trabalho. "É injusto que estrangeiros venham a este país ilegitimamente e roubem nossos benefícios e roubem nossos serviços, como o sistema público de saúde", disse Reid.


Entre as medidas propostas por Reid estão a elaboração de uma lista de imigrantes que não podem ter acesso a serviços públicos, a formação de grupos especiais de combate a empregadores de ilegais, carteiras de identidade obrigatória para estrangeiros, altas multas para donos de imóveis alugados para ilegais e a cobrança de imigrantes pelo acesso a serviços de saúde pública.


O pacote de medidas, que prevê ainda um plano piloto para o envio de mensagens de texto aos celulares de imigrantes com visto expirado, foi duramente criticado por organizações que trabalham com imigrantes.


Ilegais - As medidas pleiteadas pelo governo britânico vêm no momento em que a organização Conselho Conjunto para o Bem-Estar dos Imigrantes (JCWI, sigla em inglês) pede a regularização de centenas de milhares de estrangeiros no país.


Com até 500 mil deles trabalhando irregularmente, alega a organização, legalizar seu trabalho seria uma maneira de elevar em até 3 bilhões de libras (cerca de R$ 12 bilhões) as receitas do Tesouro britânico.


Dentro deste universo, o número de brasileiros é uma incógnita. Dos 7,3 milhões de habitantes oficiais de Londres - sendo 2,3 milhões estrangeiros - apenas 25 mil são brasileiros. Mas outras estatísticas apontam que este número é de cerca de 120 mil, entre legais e ilegais.


"Barrar o acesso de até meio milhão de imigrantes irregulares aos direitos e serviços não é uma resposta realista nem humana para a imigração neste país", disse o diretor do JCWI, Rabib Rahman.


Outra organização a criticar a proposta do governo foi a Caritas Europa, organização católica que dá assistência a imigrantes no mundo. Falando em nome da organização, o porta-voz Francis Davis disse que a resposta do governo britânico à imigração é "moralmente vazia". "Não podemos convidar as pessoas à Grã-Bretanha e depois simplesmente dar as costas", ele afirmou.


Trabalho ilegal - Reid disse que a maioria das pessoas que chegam à Grã-Bretanha deseja respeitar plenamente as leis de imigração. Mas aqueles que não respeitam não deveriam gozar dos mesmos benefícios e privilégios, sustentou o ministro.


"Este é o momento de combater o mal pela raiz: a exploração. Temos que combater não somente o tráfico de imigrantes ilegais, mas também os trabalhos ilegais na ponta da cadeia", ele afirmou.


Um relatório recente elaborado a pedido da Igreja católica mostrou que 40% dos imigrantes latino-americanos estão em situação de trabalho ilegal, porque ganham menos de cinco libras por hora - o salário mínimo britânico - sendo que as mulheres recebem em média uma libra a menos.


Para o ministro, o trabalho ilegal e mal-pago "prejudica o valor do salário mínimo". "O novo enfoque vai tornar a vida neste país cada vez mais desconfortável e restrita para aqueles que vierem para cá ilegalmente", afirmou Reid.

Em outro programa da BBC, o ministro Reid disse que o governo está hoje rejeitando mais pedidos de asilo do que no passado.


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