Os ministros da Fazenda dos países que integram a zona do euro aprovaram hoje (24) a lista de reformas submetida pela Grécia como condição para extensão, por mais quatro meses, do programa de resgate da economia grega. O programa de ajuda, de 240 bilhões de euros (cerca de R$ 780 bilhões), expiraria no sábado (21).
O documento de seis páginas traz, entre outras medidas, o combate à evasão de impostos e à corrupção, e uma reforma que promete reduzir de 16 para dez o número de ministérios do governo, diminuindo os gastos no setor público.
Em curto comunicado, divulgado na tarde de hoje, o Eurogrupo confirmou a aprovação das reformas como "ponto de partida" para o avanço nas negociações. O chefe do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, disse que "a extensão do resgate permitirá que a Grécia cumpra seus compromissos", para que, só então, "seja feita nova análise da dívida". "Se as circunstâncias econômicas permitirem, as metas fiscais podem ser ajustadas", enfatizou.
A Comissão Europeia, por meio de seu porta-voz, Margaritis Schinas, declarou que a lista apresentada pela Grécia é suficientemente ampla para ser considerada como válido ponto de partida numa revisão bem-sucedida do resgate. "Estamos encorajados pelo seu tom forte (da lista) no combate à evasão fiscal e na luta contra a corrupção", salientou.
O ministro da Economia da Alemanha, Sigmar Gabriel, demonstrou "cauteloso otimismo" em relação às propostas de reforma apresentadas pela Grécia. Em Berlim, ele disse que "a permanência da Grécia na zona do euro é a coisa certa a se fazer. Queremos continuar ajudando a Grécia, mas a condição para isso é que haja continuidade no programa de reformas", ressaltou.
O acordo com a chamada troika (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) pela renovação do programa de resgate é visto pelos líderes gregos como "importante passo".
Embora não tenha conseguido abandonar as medidas de austeridade impostas pela troika - conforme prometido na campanha eleitoral, em janeiro -, o recém-eleito governo grego conquistou, nas negociações da última semana, duas concessões substanciais: a possibilidade de redução da meta de superávit primário, liberando fundos para aliviar a chamada "crise humanitária" do país, e maior margem de manobra para propor políticas econômicas e fiscais.
Com a confirmação da extensão do programa de resgate, a Bolsa de Atenas fechou hoje com forte alta, de 9,81%. Os títulos que mais subiram foram os dos bancos (17,28%) e os das empresas de telecomunicações (15,21%).