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Brasileiro volta a esbanjar energia elétrica

25 jun 2006 às 15:03

Cinco anos após o início do programa de racionamento que reduziu em 20% o consumo, numa adesão que, na época, foi comparada à campanha dos "fiscais do Sarney", o brasileiro voltou a desperdiçar energia elétrica. Segundo estimativa do Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, o desperdício nas residências hoje chega a 20% do consumo.

De acordo com a Agência Estado o governo estima que há um potencial de economia de 7,2 mil megawatts (MW) médios para os próximos 10 anos, suficientes para eliminar a necessidade de uma nova usina quase do tamanho de Itaipu, a maior do Brasil.


Caso o crescimento econômico do País, que tem patinado em níveis abaixo de 3% ao ano, tivesse alcançado o índice pretendido de, pelo menos, 5%, a demanda por eletricidade estaria ainda maior.


É consenso entre especialistas que a população, responsável pelos melhores índices de redução de consumo, está abandonando hábitos incorporados durante o racionamento. De junho de 2001 a fevereiro de 2002, o consumo residencial caiu 25%. A principal razão é a falta de campanhas que reforcem a necessidade de usar a eletricidade de modo inteligente.


"É mais barato investir para poupar energia do que construir usinas novas", reconhece o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. Ele sustenta que o aumento do desperdício ainda não cria risco de novo racionamento, mas o governo conta com uma meta ambiciosa de conservação em seu Plano Decenal de Energia Elétrica, principal documento de planejamento do setor.


Segundo Tolmasquim, além dos investimentos de US$ 40 bilhões na ampliação do parque produtor, o Brasil terá de economizar quase a eletricidade de uma Itaipu para chegar a 2015 sem riscos. A meta de economia tem base em dados disponíveis nos programas brasileiros de eficiência energética.


Todos concordam que houve ganhos permanentes durante a crise, principalmente com a troca de eletrodomésticos velhos por equipamentos mais eficientes. De fato, o consumo por residência hoje, na casa dos 151 quilowatts-hora (kWh) por mês, ainda é bem inferior aos 183 kWh por mês vigentes em 2000, volume que só deve ser atingido novamente em 2013.


Medidad - O secretário de planejamento do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, contesta as críticas e cita programas como o Procel ou o Programa Brasileiro de Etiquetagem, que certifica aparelhos de baixo consumo, como exemplos de políticas de conservação de energia em curso.


O grande desafio, no entanto, é conseguir reduzir o consumo industrial, responsável pela maior parte da demanda de energia: 45%, enquanto o residencial fica em 25%; o comercial em 15%, e outros, como iluminação e administração públicas, em outros 15%.


Em maio, o Brasil consumiu volume de eletricidade 10% superior ao verificado no mesmo mês de 2000, antes da crise. A diferença só não é maior porque a economia tem patinado nos últimos anos, dizem analistas.


"É muito difícil convencer um empresário a trocar um equipamento no meio de sua vida útil só para economizar energia. Na maior parte dos casos, os investimentos são direcionados para o aumento da produção e não para a melhoria dos processos", diz Schaeffer.

O BNDES lançou em maio programa para incentivar a criação de empresas de serviços de energia, conhecidas como Escos, especializadas em apontar medidas de redução do consumo em indústrias e comércio.


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