A Anistia Internacional denunciou nesta quarta-feira (23) a ineficiência do Estado na luta contra a violência no Brasil e atribuiu parte do problema à corrupção no país.
A organização lembra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi reeleito em outubro e que seu primeiro mandato "foi marcado por abundantes denúncias de corrupção política procedentes de todo o espectro político".
"As investigações sobre a corrupção revelaram vínculos diretos e indiretos com a deterioração da defesa dos direitos humanos".
"O envolvimento de funcionários do Estado em atividades delitivas derivou em violações dos direitos humanos e no aumento da delinqüência organizada em todo o país".
A AI estima que a deterioração dos sistemas policial, judicial e carcerário "persiste em razão da negligência prolongada do governo federal e estaduais".
"Funcionários encarregados de fazer cumprir a lei estiveram envolvidos no tráfico de drogas e venda de armas, telefones celulares e drogas para criminosos presos".
Segundo a AI, "as comunidades mais pobres têm sido as mais afetadas por dezenas de milhares de mortes por armas de fogo".
A organização afirma que "mais de mil pessoas morreram em confrontos com a polícia" em situações que geralmente indicavam "o uso excessivo da força ou execuções extrajudiciais".
"As comunidades mais pobres" são provavelmente as maiores vítimas, porque "sofrem as taxas mais elevadas de delinqüência violenta e dos métodos repressivos e discriminatórios utilizados pela polícia para combatê-la", destaca a AI.
No Brasil, a tortura continua sendo uma prática "generalizada e sistemática", prossegue o relatório, que também denuncia os problemas de acesso à terra e a persistência das "expulsões forçadas e ataques violentos contra militantes camponeses e povos indígenas".
O AI afirma ainda que muitas pessoas seguem "vítimas do trabalho escravo".