Um dos nomes mais antigos da comunidade candomblecista de Londrina, Maria Benedita Meneses - conhecida como Ya Katule - faleceu na manhã desta segunda-feira (10) aos 96 anos. Katule se destacava por sua benevolência e sabedoria, sendo reconhecida por comunidades religiosas de diversas partes do estado.
O presidente municipal do conselho da igualdade racial de Londrina, Welisson Vieira De Aguiar Ogan, lamentou a morte da religiosa. "É um nome importante para a comunidade negra e, em especial, para as religiões de matrizes africanas. Era uma das mais velhas iniciadas de Candomblé de Londrina, extremamente respeitada e conhecida principalmente pela comunidade religiosa", disse.
De acordo com Leonardo Vieira, um seguidor próximo à Katule, ela não atendia em um ponto específico em Londrina, mas recebia convites de comunidades vizinhas para as celebrações religiosas. "Ela não tinha barracão aberto. Ajudava todo mundo e nunca quis ter barracão aberto. Ela ajudava nas obrigações, fazia comida para os santos, auxiliava os filhos. Era muito dedicada ao sagrado", conta Vieira.
"Eu tenho 35 anos e acompanho ela [sic] desde os meus sete ou oito anos. É uma amizade de muitos anos. É uma perda inestimável, sempre acolheu a todos. Foi amiga, uma mãe. Era uma enciclopédia viva de conhecimentos sobre a religião. Tenho só gratidão e amor eterno", concluiu
Nota de pesar
A comunidade Ilé Baru e Ya Edna de Baru, casa de Candomblé de Foz do Iguaçu, reforçou a relevância de Ya Katule em todo o Paraná com uma nota de pesar.
"Prestamos nosso profundo pesar e sinceras condolências aos familiares de Tia Katule de Omolu. Uma grande mulher com história e trajetória significativa dentro da religião. Desejamos que toda a paz que ela tinha aqui em vida continue com ela e a leve para o lugar mais bonito do Orun. Aos que ficam, nosso sincero abraço, junto da saudade e da certeza que agora mais uma ancestral cheia de força olha por nós."
*Sob supervisão de Fernanda Circhia