Reclamações sobre insegurança, medo de assaltos e de balas perdidas infelizmente são comuns entre os moradores de bairros da periferia de Londrina. E com os moradores do jardim Interlagos (zona leste), a situação não muda.
Mas eles tentam reverter a situação, começando a pensar no futuro das crianças do bairro e investindo em projetos para diminuir a chance de se transformar em futuros transgressores. A maior preocupação é oferecer atividades às crianças após as aulas e impedir que fiquem pelas ruas enquanto os pais trabalham.
Um desses projetos, que já está acontecendo, é o Musicalização na Escola. O projeto já atende cerca de 80 crianças e adolescentes, com idade entre nove e 15 anos, do Colégio Estadual Ana Molina Garcia, e é patrocinado pela organização não-governamental (ONG) Ministério dos Sentinelas de Londrina. Os alunos aprendem a manusear instrumentos, fazem experimentações com sons e participam de um coral.
Para o professor de música Jorgisnei Ferreira de Rezende, participar de um projeto fora do horário de aula só é possível se é criado um vínculo afetivo. ''Eles vão porque querem ir, por senso de responsabilidade, não existe obrigatoriedade'', disse. A associação de moradores também planeja reformar as quadras do bairro para que as crianças possam aprender esportes no contraturno escolar.
Moradora há quase 30 anos do Interlagos, a aposentada Lenir Mazine de Oliveira, de 62 anos, vê com tristeza o crescimento da violência no bairro, e apóia as iniciativas com as crianças. ''Aqui tem muita coisa boa. Os vizinhos, por exemplo, todo mundo se ajuda, um cuida da casa do outro. Mas, de uns tempos para cá, não temos mais sossego, é tiro toda noite, eu não durmo enquanto meu neto não chega da faculdade'', afirmou.
Para o presidente da associação de moradores, Armando Paulo Porto Alegre, a população tem mesmo que se preocupar com a violência. ''O bairro fica próximo a regiões muito carentes, com favelas, e onde há atuação de pessoas ligadas ao tráfico de drogas. A comunidade tem muito medo de bala perdida. É comum ouvir tiros à noite'', disse. No ano passado, foram registrados cinco homicídios no jardim Interlagos.