O prefeito de Londrina, Marcelo Belinati (PP), anunciou, durante uma coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (26), que Londrina pretende instalar 1.100 câmeras de segurança nas escolas municipais e nos CMEIs (Centros Municipais de Educação Infantil) da cidade até 2024.
"A compra das câmeras de segurança para as instituições municipais de ensino está em processo de licitação. E essa vai ser uma ação somada às ações da Polícia Militar e da Guarda Municipal, que já vêm acontecendo", explica Belinati.
Os acontecimentos recentes envolvendo ataques em escolas, como os casos do Colégio Estadual Helena Kolody, em Cambé (Região Metropolitana de Londrina), e da Escola Estadual Sapopemba, na capital de São Paulo, têm motivado as forças de segurança do Município a atuarem de forma integrada.
Leia mais:
Motociclista 'tiktoker' avança sobre repórter de tevê que rejeitou brincadeira de mau gosto em Londrina
Idosas do CCI Oeste se apresentam nesta quarta no Lar São Vicente de Paula em Londrina
Famílias de Londrina reclamam da comida servida aos detentos da PEL 3
Obra afeta distribuição de água em Londrina e Cambé nesta quarta-feira
"As forças de segurança de Londrina nunca trabalharam tanto em conjunto como trabalham agora. É a Guarda Municipal trabalhando junto com os batalhões da Polícia Militar e, também, com o serviço de inteligência da Polícia Civil. Isso resultou, inclusive, na diminuição dos índices de criminalidade na cidade", complementa o prefeito.
Foco nas escolas
Apesar de haver um trabalho conjunto entre as polícias civil e militar e a GM (Guarda Municipal), a exemplo da Operação Vida nos Bairros, que tem o objetivo de reduzir o número de homicídios em Londrina, existe, atualmente, uma cobrança por parte dos pais dos alunos quanto à segurança de crianças e adolescentes dentro das instituições de ensino.
O tenente-coronel do 5º BPM (Batalhão de Polícia Militar), Marcos Tordoro, diz que a PMPR (Polícia Militar do Paraná) tem se preocupado com a segurança nas escolas, tanto públicas, que englobam municipais e estaduais, quanto privadas.
"As ações já estão acontecendo. No caso das escolas, temos a presença constante nas imediações, o contato escolar, o treinamento das equipes que trabalham nas escolas estaduais, o patrulhamento e a permanência nas imediações das instituições, o que também acontece com os guardas municipais. Atuamos na parte externa para levar segurança para a parte interna das escolas", argumenta Tordoro.
O coronel Pedro Ramos, secretário municipal de Defesa Social, explica que o principal objetivo da GM é evitar que criminosos entrem nas instituições de ensino, o que envolve assaltantes e promotores de ataques, por exemplo.
"É por isso que adotamos medidas no entorno das escolas. As blitze próximas às escolas, a abordagem policial no entorno, a presença do guarda municipal ou do policial militar na porta das instituições de ensino e o patrulhamento dos arredores são medidas altamente positivas que têm trazido resultados para a cidade", argumenta.
Lei para ser cumprida
Apesar de o secretário municipal de Defesa Social apontar a presença de guardas municipais ou de policiais militares nas portas das escolas durante a entrada e saída dos alunos, um grupo de pais cobra o cumprimento da Lei 13.608/2023, que prevê que o prefeito tem autorização para determinar que pelo menos um guarda municipal esteja presente nas instituições municipais de ensino durante o período escolar. Aprovada pela Câmara de Vereadores, a legislação foi sancionada por Belinati em julho deste
"Londrina tem 381 escolas e todas essas escolas têm atividades todos os dias. A Guarda Municipal, durante os períodos de entrada e de saída dos alunos, está em frente a uma escola, em regime de revezamento. E nisso temos que ter o cuidado de que os pais não façam vídeos falando que, em um determinado dia que foram levar a criança, não havia um guarda ou um policial na frente da instituição. Isso é dar informação para um possível agressor", aponta Ramos.
De acordo com o secretário, o ideal era que cada instituição de ensino contasse com um agente de segurança na porta nos momentos de entrada e de saída dos alunos, mas é preciso considerar o efetivo disponível. "O que estamos fazendo hoje é priorizar as atividades para que possamos dar atenção às escolas."
Agentes armados nas escolas
A presença de agentes armados nas escolas tem sido um ponto de discussão entre as forças de segurança de Londrina, uma vez que alguns pais têm argumentado que a medida poderia ser benéfica para os alunos das instituições municipais.
A opinião, contudo, não é sustentada por boa parte dos estudiosos da segurança pública, conforme aponta o delegado-chefe da Subdivisão da PCPR (Polícia Civil do Paraná) em Londrina, Fernando Amarantino Ribeiro Gonçalves Amorim.
"Os Estados Unidos são o país que mais sofre com os ataques em escolas e os estudos feitos lá mostraram que, quando a instituição contratou um segurança armado, os casos de ataques praticamente triplicaram. Uma pessoa desarmada e que possa ver e ouvir no ambiente escolar pode ser tão eficaz, porque essa pessoa vai fazer o contato entre a instituição e as forças de segurança", aponta.
Pedro Ramos tem a mesma opinião de Amorim. "A presença de agentes armados no interior das instituições de ensino não é eficaz. Existem outras formas de fazer a segurança sem um agente dentro da escola. Até porque já temos estatísticas de outros países que mostram que a violência aumenta em escolas que têm esses agentes armados", argumenta Ramos.
INSPETORES
Uma das soluções encontradas pela administração municipal para atender às demandas apontadas pelos pais dos alunos das escolas municipais foi a contratação de inspetores, que serão responsáveis por realizar o contato entre as instituições de ensino e as forças de segurança.
A secretária de Educação de Londrina, Maria Tereza Paschoal de Moraes, diz que os profissionais terceirizados que irão trabalhar de inspetores só devem começar a atuar no início do ano letivo de 2024.
A licitação para a contratação de 230 inspetores terceirizados para atender 121 unidades escolares de Londrina vai custar até R$ 12,2 milhões. Ao todo, 35 empresas participam do processo licitatório para a contratação de inspetores para as unidades de ensino da rede municipal. O contrato é de dois anos.