O prédio do antigo CRAS Leste (Centro de Referência de Assistência Social), na Avenida das Laranjeiras, Jardim Marumbi, está em situação de abandono desde quando o Centro se transferiu para um espaço maior, na Rua do Tamarino, no Jardim Marabá, há pouco mais de um ano e um mês. Colchões, garrafas, entulhos, embalagens plásticas tomam conta do lugar. Além, claro, do mau cheiro.
Com o abandono, o local serve de moradia para andarilhos e moradores de rua, além de usuários de drogas. A população que mora ao redor comenta que a segurança e o sossego ficam comprometidos. "Alguns moradores de rua ficavam dormindo ali e até gente que usava droga. É complicado para nós. No dia seguinte, quando vamos abrir as portas, temos que ver se está tudo em ordem. Ficamos com receio de alguém entrar aqui", declara o comerciante João Vitor Mendes Ramos, que trabalha em um escritório ao lado do prédio. "Mantenho até a porta trancada quando estou sozinho", confessa.
"O mato começou a crescer e pessoas invadiram. Você escuta a algazarra daqui de casa. É gritaria, risada, barulho de garrafa quebrada. Fico até longe desse povo", conta Humberto Masiero Junior, também vizinho do antigo Centro. Ele relata que a população ao redor se reveza para recolher o lixo que se acumula no local.
Mas a situação é brava para Ervino Henrique Lange, que mora na Rua do Morango, aos fundos do mocó. Ele já teve a sua casa invadida duas vezes nos últimos seis meses. "Quando saíram daqui, ainda tinha móveis lá dentro, como armários, mesas, cadeiras e quando se tocaram que o prédio estava vazio, começaram a roubar as coisas de lá e usar como ponto de uso de drogas. Já me roubaram duas vezes. Perdi botijão de gás, ferramentas. Tenho uma empresa e cheguei a protocolar pedindo que a Prefeitura cedesse o terreno para eu trabalhar, sendo que eu reformaria tudo, mas não me deram o retorno. Falaram para mim que era mais fácil derrubar tudo do que conseguir o terreno. Chega uma hora que você cansa. Por enquanto está daquele jeito e quem sofre somos nós", revela.
Resposta da Secretaria
A assessoria da Secretaria Municipal de Assistência Social informou que antes de abrigar o CRAS, o prédio era utilizado pelo CVV (Centro de Valorização da Vida). "O CVV quem construiu todo aquele prédio e tinha uma lei de cessão de uso. Saíram por questões de segurança e, quando não quiseram mais, devolveram para à Prefeitura. Agora, eles têm interesse de voltar, e seriam responsáveis pela reconstrução. Então, os trâmites para ceder novamente ao CVV estão sendo seguidos no processo", diz a nota divulgada. Caso contrário, a Secretaria informou que já possui planos para a criação de uma nova república de moradores de rua.
Parte financeira pesa
Contatada pela reportagem, a ONG que sustenta as atividades do CVV em Londrina confirmou o interesse pela volta ao antigo local e que iniciou uma conversa com vereadores. No entanto, o desenrolar da história, além da parte burocrática, esbarra na parte financeira. "Hoje não temos condições de reformar ou reconstruir o prédio. Precisaríamos e muito de doações", declarou Aparecido Carlos Beltrami. A Prefeitura é responsável pelo pagamento do aluguel da atual sede, na Rua Bahia. Os demais gastos são a cargo do CVV.