Londrina

Família aproveita o Natal para promover grande reunião

22 dez 2002 às 17:21

A comemoração de Natal na casa da cozinheira Ilma Raimunda Trindade, 52 anos, pode ser considerada uma façanha. Ela abriga 250 pessoas sob o teto de sua casa, no conjunto Alexandre Urbanas, zona leste de Londrina, todos os anos na virada de 24 para 25 de dezembro. Entre os convidados, primos de 1º, 2º e 3º graus, tios-avós, sogras, noras, cunhados, netos de primas. ''Só aparecem uns poucos amigos'', diz Ilma.

É assim desde 1985, quando as relações na família de Ilma, então arrefecidas, foram fortalecidas numa mesa de almoço. ''Não éramos uma família desunida, mas as pessoas ficavam distantes, viviam longe umas das outras, em sítios. Nessa época, um cunhado organizou uma grande festa numa chácara, e dezenas de pessoas compareceram. Desde então, qualquer data ou motivo serve para reunir a família'', explica a cozinheira.


Ilma mora na casa no Alexandre Urbanas há nove anos. Desde a residência anterior, nos Cinco Conjuntos (zona norte), sua casa já havia sido estabelecida como sede do Natal da família. Tradição que será levemente pervertida este ano, já que a festa foi transferida para a casa de uma sobrinha, em Rolândia. ''Ela (a sobrinha) está doente, e o marido explicou que ficaria difícil para ela viajar. Nós vamos, mas contrariados. Estamos tão acostumados a fazer a festa aqui que em outro lugar parece que não vai ser mais a mesma coisa'', diz Fabiana da Silva, filha de Ilma.


Mesmo não acontecendo este ano, o Natal na casa de Ilma não deixa de ser impressionante: as 250 pessoas que comparecem à festa vêm, em grande parte, de Londrina e outras cidades da região norte. Alguns outros parentes são do interior de São Paulo. Nos dias que antecedem o encontro, cerca de 50 parentes dormem na casa de Ilma, espremidos nos quatro quartos, corredores e num salão de festas coberto, em camas improvisadas e colchões. Na falta de espaço, muitos visitantes vêm para Londrina e voltam no mesmo dia.


''Numa festa para tanta gente, tem que fazer churrasco, que é sempre mais prático. Os visitantes trazem alguma coisa, ou nós pagamos tudo e acertamos as despesas depois. Adoro cozinhar, mas nestas oportunidades a única coisa que dá para fazer de diferente é um salpicão, um arroz temperado'', explica Ilma. Ao longo dos anos, a festa cresceu. ''Lembro que no primeiro Natal que fizemos vieram umas 40 pessoas. Hoje, são seis vezes mais. Os filhos crescem, vão aparecendo os netos. E tem os netos de primas, de tias'', diz a anfitriã.


Ilma está ciente de que a figura da família sofre uma deterioração e que a reunião maciça de seus parentes é algo raro. ''Tenho um filho que é muito comunicativo, atua no Grupo de Oração, e sabe como unir a família. Rezamos muito, também, para que estejamos sempre juntos. Em todos estes Natais, nunca tivemos uma briga, nem entre as crianças, nada. O pessoal gosta de vir na minha casa e recebê-los é a coisa que eu mais adoro. A família é tudo'', diz a cozinheira.

*Leia mais na edição deste domingo da Folha de Londrina


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