Em visita hoje à Diamantina (MG), terra natal de Juscelino Kubitschek, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse que se for eleito vai se inspirar no mineiro e aproveitou para fazer críticas indiretas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tratando JK como uma "referência entre os grandes estadistas brasileiros", Serra comparou a conduta do ex-presidente à do atual ocupante do Palácio do Planalto.
"As pessoas podem julgar, eu nunca vi o Juscelino numa campanha atacando pessoalmente adversários, esse era um exemplo de conduta boa de um presidente da República", afirmou, ao ser perguntado sobre o fato de Lula citar frequentemente Juscelino em seus discursos. "Não vou fazer um juízo sobre o devido ou as devidas citações do Lula".
No entanto, em outra referência ao petista, Serra disse que pretende governar a exemplo de JK, determinado "a somar o Brasil e não dividir". "Quero ser um presidente de todos e todas as brasileiras, de todos os Estados, de todos os municípios, sem caracterização partidária", falou. "Na Presidência, não vou governar para partidos, vou governar para todo o nosso povo", acrescentou.
Em um palanque improvisado no centro histórico da cidade, o presidenciável tucano saudou o ex-governador Aécio Neves (PSDB) - candidato ao Senado - como "um homem que um dia também será presidente do Brasil". "Claro, me sucedendo seria o melhor dos mundos", completou.
Antes, Aécio havia pedido aos populares presentes empenho em favor do candidato tucano para levar a eleição presidencial para o segundo turno. O governador Antonio Anastasia (PSDB) - que disputa a reeleição e tem evitado mostrar Serra em seu programa eleitoral na TV - também pediu votos para o presidenciável de seu partido.
Museu
A agenda em Diamantina - que pode ser a última em Minas antes da votação em primeiro turno - foi encerrada com uma visita à Casa JK, residência onde o ex-presidente morou durante 14 anos até a adolescência, hoje transformada num museu. Serra sentou-se na cama que era do ex-presidente e imitou a pose de Juscelino em uma foto na cabeceira. O coordenador do museu, Serafim Jardim, leu uma carta escrita por Maria Estela Kubitschek.
A filha do ex-presidente justificou a ausência na cidade alegando problemas de saúde na família, mas convocou no texto os diamantinenses a se unirem aos herdeiros de JK na "batalha" para eleger Serra. Na carta, ela lembra a trajetória do pai, um "jovem pobre" que deixou Diamantina para estudar e acabou chegando à Presidência da República. "A família de JK está unida, trabalhando para que José Serra seja eleito em 3 de outubro".
Gafe
O tucano - que durante o discurso no centro histórico havia cometido uma gafe ao errar o nome da cidade, chamando-a de "Adamantina" - disse que pretende se espelhar no exemplo do ex-presidente e governar com "generosidade, tolerância e determinação". "Para criar no Brasil uma economia forte que possa distribuir renda, criar emprego e proteger os desamparados", disse. "Eu não sou tão antigo assim, mas eu conheci e conversei muitas vezes com o Juscelino".
Serra afirmou também que está com "grande fôlego" na reta final da campanha e confiante na ocorrência de segundo turno com a candidata petista Dilma Rousseff. "Essa é uma eleição que tem muito haver com o nosso futuro, então é muito bom ter tempo para poder pensar e examinar melhor as coisas".
O presidenciável do PSDB disse ainda que na reta final manterá a estratégia adotada até agora na campanha. Ele repetiu promessas como a proposta de reajuste do salário mínimo para R$ 600 e mais investimentos na saúde, segurança e educação. Especificamente para Minas, prometeu novamente a recuperação da BR-381 no trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares. "Ao final do meu mandato não vai ter mais estrada da morte em Minas".