O critério para escolha de ministros no governo de Dilma Rousseff será técnico, mas não estão descartados nomes de políticos que disputaram governos estaduais e mandatos na Câmara e no Senado e perderam a eleição. A informação foi dada pelo presidente do PT, José Eduardo Dutra, em entrevista ao programa 3 a 1, da TV Brasil, que vai ao ar hoje (3), às 22h.
Dutra disse que a presidente eleita vai aceitar a indicação política nos ministérios a que os partidos terão direito, mas ressaltou que a competência técnica será fator crucial na escolha. "Ela [Dilma] vai analisar a conveniência da continuidade do governo. Da mesma forma que não se pode usar como critério o fato de a pessoa de ter sido derrotada nas urnas, não se pode estabelecer [isso] como veto. Vai depender da indicação dos partidos", afirmou.
Na próxima semana, começarão as conversas com os partidos que integram a base governista para ouvir as sugestões e as propostas das legendas para o próximo governo. Depois que Dilma voltar da viagem que fará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Ásia e à África, Dutra pretende apresentar à futura presidente um panorama da situação.
"É natural que os partidos prefiram pastas para as quais tenham quadros com mais aptidão para exercer a função. Isso já vem acontecendo no governo atual. Mas quem vai decidir é a presidente. Ela ainda não se debruçou para traçar diagnóstico e orientação global a esse respeito", disse Dutra. Ele acrescentou que há um sentimento nos partidos de que, tendo seus pleitos garantidos, "não criar problema para o início do governo".
No Congresso Nacional, o acordo é para que haja alternância entre o PT e o PMDB na presidência da Câmara. Para tanto, um termo de compromisso será firmado entre os dois partidos. Dutra afirmou, no entanto, que tal discussão não irá interferir na escolha de nomes para ministérios e secretarias executivas. "Governo é governo. Parlamento é parlamento. Não queremos misturar as duas coisas. E reafirmo que não haverá disputa entre os dois partidos para a presidência da Câmara." Quanto ao Senado, Dutra lembrou que a escolha do presidente segue a tradição: o partido com maior representação comanda a Casa, no caso, o PMDB.
O dirigente petista destacou que, cumprido o termo de compromisso, o PMDB, em determinado momento, irá presidir a Câmara e o Senado ao mesmo tempo. "O PMDB é o segundo maior partido da Câmara e o primeiro no Senado. É natural esse processo."