Na votação do último domingo, a petista Dilma Rousseff teve 26 pontos de vantagem sobre o tucano José Serra no eleitorado mais pobre, com renda de até um salário mínimo. Dilma também venceu por larga margem entre os eleitores católicos, mas praticamente empatou com o adversário entre os evangélicos.
Esses e outros detalhes do capítulo final da história da campanha presidencial de 2010 só podem ser conhecidos porque o Ibope, além de sua tradicional pesquisa de boca de urna, realizou no dia da votação uma segunda sondagem domiciliar, com 3.010 eleitores, perguntando não apenas seu voto, mas também, sua renda, religião, escolaridade e cor.
Os números mostram que houve empate - ou vantagem mínima para um dos lados - nos segmentos de mais alta renda e escolaridade. A diferença pró-Dilma se deve ao comportamento dos mais pobres. Na faixa de renda familiar que vai até dois salários mínimos, a candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve quase 10 milhões de votos a mais que Serra - mais de 80% da vantagem total que abriu sobre o tucano, de aproximadamente 12 milhões de votos.
Dilma venceu entre mulheres e homens, mas com margem maior entre eles do que entre elas. No segmento masculino, a petista teve cerca de 8,6 milhões de votos a mais que o adversário, segundo projeção feita a partir de dados do Ibope. Já as eleitoras deram 3,4 milhões de votos de vantagem à primeira mulher eleita para governar o Brasil.
Em um segundo turno marcado por discussões de fundo religioso, eleitores de diferentes orientações mostraram comportamentos distintos nas urnas.
Os católicos preferiram Dilma por um placar de 58% a 42%. Já entre os evangélicos a pesquisa apontou um resultado de 52% para a petista e 48% para o tucano - como os números estão no limite da margem de erro, não é possível saber quem ganhou, apenas que o vencedor teve margem bastante apertada.
A segmentação do eleitorado por cor indica um placar muito próximo entre os eleitores que se denominam brancos: 52% para Dilma e 48% para Serra. Entre negros, a petista venceu por 30 pontos de vantagem (65% a 35%), e entre pardos, por 20 (60% a 40%). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.