O governador eleito do Paraná, Beto Richa (PSDB), que deu pouco espaço para o candidato tucano à Presidência da República, José Serra, durante o primeiro turno da campanha, prometeu hoje que, a partir de agora, estará "de corpo e alma" trabalhando para a eleição de Serra como presidente da República. "É muito mais que uma questão política, uma questão partidária. É uma questão de patriotismo, defender o Brasil", afirmou em entrevista coletiva. Ele disse ter conversado duas vezes com Serra na noite de ontem e pretende encontrar-se com a coordenação central da campanha para definir sua participação.
Enquanto isso, Richa circulará pelo Paraná para agradecer aos correligionários e pedir que continuem a mobilização. Ele já adiantou qual será o discurso. "(Serra) acima de tudo vai agir com ética e com decência, porque chega de tantas denúncias, escândalos de desvio de conduta, de corrupção, de traição à confiança do povo, e sempre próximos do poder, sempre no núcleo do poder", destacou.
"Nós não estamos falando em segundo ou terceiro escalão, há corrupção pela segunda vez na Casa Civil, que é o ministério mais próximo do presidente da República e, nesse caso, a ministra da Casa Civil, íntima amiga da candidata do PT", referindo-se a presidenciável petista Dilma Rousseff.
Para Richa, Serra é "intolerante e radical contra desvios de conduta". Ele defendeu que qualquer denúncia seja investigada, em razão de cobrança da sociedade. "E não como fazem hoje, varrer para debaixo do tapete", acusou. Serra fez 2.607.664 votos no Estado (43,94%), enquanto Dilma conseguiu 2.311.239 votos (38,94%). "Nós vamos ampliar e ampliar muito a vantagem do José Serra no Estado do Paraná", prometeu Richa.
Transição
O governador eleito disse ter tido um primeiro contato com o governador Orlando Pessuti (PMDB), com vistas a estabelecer as equipes que cuidarão da transição. Ele já estabeleceu que a prioridade nos primeiros dias de governo é atacar duas áreas "críticas": a saúde e a segurança públicas. "A grande questão é como fazer se não tem dinheiro", destacou. "A primeira coisa é colocar a casa em ordem, melhorar o gasto público, dar um choque de gestão, fechar as torneiras do desperdício e vamos apurar todas as questões para enxugar a máquina."
Até agora, Richa anunciou apenas que seu vice, Flávio Arns, será o secretário da Educação. Os outros serão escolhidos após conversar com os 14 partidos que lhe deram apoio. "Equipe minha tem metas a cumprir. Não correspondeu às nossas expectativas, paciência, eu desligo mesmo", afirmou.
Richa disse que terá "relação de respeito" com a Assembleia. E adiantou que convidará os senadores eleitos Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB) para contribuir com projetos benéficos para o Estado. "Agora, se não quiserem ajudar, eu não posso forçar ninguém. Nós temos amizade, uma ligação até pela coligação que fizemos com muitos senadores de outros Estados que podem ajudar o Paraná", disse.
Questionado sobre a atitude do senador Alvaro Dias (PSDB), que não fez campanha para ele e anunciou voto no irmão Osmar Dias (PDT), seu adversário, Richa disse entender como "questão familiar". "Não vou pedir qualquer medida disciplinar, qualquer retaliação em função de ele ter tomado esse posicionamento", afirmou.
O candidato eleito também retomou a principal questão levantada na campanha, quando sua coligação pediu a proibição para divulgação de pesquisas eleitorais. "Alguns tentaram me carimbar de censurador, de atrapalhar a democracia. Aí eu pergunto: o que atrapalha a democracia? A nossa atitude, que foi comprovada na prática, ou a divulgação de pesquisas erradas que podem induzir o eleitor ao erro?"