O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os ministros mais próximos - que integram o "núcleo duro" do governo - e o comando da campanha de Dilma Rousseff avaliaram, em reuniões ao longo da semana, que "a situação é problemática" para a candidatura petista. A recomendação unânime foi para que Dilma concentre a campanha nas Regiões Sul e Sudeste e "esqueça o Nordeste", onde a eleição "está ganha".
Os Estados do Sul-Sudeste que serão alvos prioritários da campanha são Minas, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná. O Nordeste, onde Dilma tem 19 pontos porcentuais de vantagem sobre o tucano José Serra (57% a 36%), segundo o Ibope, é considerado uma região em que as perdas eventuais serão pequenas. Na avaliação do QG dilmista, elas "nem atrapalharão Dilma nem ajudarão Serra". No Norte, a candidata tem vantagem de 9 pontos porcentuais, 51% a 43%.
Há no comitê de Dilma uma preocupação especial com os dois maiores colégios eleitorais, São Paulo e Minas Gerais, onde o PT foi derrotado pelo PSDB de Serra na disputa pelos governos estaduais. Ainda ontem, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, reuniu-se com deputados e prefeitos, em Belo Horizonte (MG), para tentar reaglutinar a tropa.
Lá, além das mágoas do PMDB de Hélio Costa - que perdeu a eleição ao Palácio da Liberdade para Antonio Anastasia (PSDB) -, as divergências entre o ex-ministro Patrus Ananias e o ex-prefeito Fernando Pimentel, ambos do PT, só se acentuaram. Patrus foi vice de Costa e acabou sem cargo. Pimentel perdeu a corrida ao Senado.
"O problema maior não é a disputa entre Pimentel e Patrus. Nossas lideranças foram derrotadas lá e isso provocou perplexidade", disse Dutra. Na tentativa de reverter a apatia em Minas, Lula e Dilma participarão de carreata amanhã, em Belo Horizonte. Hoje, a candidata estará em São Paulo num megaencontro com professores e reitores. À noite, deverá fazer comício em São Miguel Paulista, na zona leste. Antes disso, à tarde, Lula e ministros baixam no Paraná, em Telêmaco Borba.
"Menos de dez". No diagnóstico de Lula e da coordenação da campanha, o ideal seria que Dilma começasse o segundo turno com pelo menos 10 pontos porcentuais de vantagem sobre Serra - no primeiro turno, a votação terminou com 14 pontos de dianteira para Dilma, 47% a 33%. Na primeira pesquisa, do Datafolha, a diferença foi de 7 pontos. Na do Ibope, caiu para 6 pontos. O levantamento CNT/Sensus, divulgado ontem, mostrou Dilma e Serra com 4 pontos porcentuais de diferença, 46% a 42%.
"Começar segundo turno com menos de dez (pontos porcentuais de diferença nas intenções de voto) é problemático", admitiu ao Estado um dos auxiliares de Lula. Não só as pesquisas anunciadas por institutos como os trackings internos em poder do comando petista mostram que diminui cada vez mais a distância entre Dilma e Serra.