A dois dias da eleição, e quase um mês após o susto com o resultado que levou Dilma Rousseff (PT) ao segundo turno, o comando de campanha da petista já fala, nos bastidores, em uma vitória avassaladora sobre José Serra (PSDB). Embalada pelas últimas pesquisas, uma fonte do núcleo de coordenação da campanha afirmou à Agência Estado que espera que Dilma atinja 60% dos votos válidos.
Não é um desejo aleatório, funda-se na preocupação com o "day after" em caso de vitória da petista: Como ela vai lidar com as cobranças dos aliados, em especial do PMDB? "Ela não é Lula", observa a fonte dilmista, sem disfarçar o desalento. A fonte reconhece que faltam à candidata dois atributos que garantem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o pleno exercício do poder: a expertise na articulação política e os altos índices de aprovação popular.
O PMDB já mandou recados de que se ressente do papel de coadjuvante que lhe foi imposto pelo PT na campanha, mesmo com o presidente do partido, Michel Temer, ocupando a vaga de vice. Apesar das promessas, o núcleo decisório da campanha dilmista continuou restrito aos petistas José Eduardo Dutra, José Eduardo Cardozo e Antonio Palocci durante o segundo turno.
Antevendo a avalanche de cobranças, a fonte pondera que não basta ganhar a eleição: é preciso vencer com uma ampla margem de votos. A meta é repetir o desempenho de Lula, que alcançou 60% dos votos válidos no segundo turno de 2006, quando venceu Geraldo Alckmin (PSDB) com uma diferença de 20 milhões de votos.
A fonte dilmista invoca as últimas pesquisas para afirmar que a petista tem condições de repetir o feito de Lula. Pesquisa Datafolha divulgada hoje mostra Dilma com vantagem de 12 pontos sobre Serra nos votos válidos: ela tem 56% e ele, 44%. A pesquisa Ibope/Estado/Globo divulgada ontem aponta vantagem ainda maior, de 14 pontos: ela desponta com 57% dos votos válidos contra 43% do tucano.
Questionada pela Agência Estado, a fonte admite um exagero falar em vitória com 60% dos votos, até porque os institutos de pesquisas erraram em suas previsões no primeiro turno. Mesmo assim, ela afirma que o PT vai se empenhar para que Dilma alcance, pelo menos, 58% dos votos válidos. Seria o suficiente, argumenta, para garantir à Dilma musculatura política para encarar as demandas dos aliados, que disputarão cada centímetro de espaço no próximo governo.