Após enfrentar quase 30 dias de tensão neste segundo turno, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a demonstrar tranquilidade. A amigos, ele avaliou que o debate sobre o aborto e o caso Erenice Guerra foram os principais obstáculos que impediram a vitória de sua candidata, a petista Dilma Rousseff, no primeiro turno das eleições.
Nas últimas 48 horas, Lula fez referências a presidentes populares para comentar o momento. "Se tudo der certo neste domingo, vai ser uma coisa extraordinária, porque há muito tempo um presidente não faz seu sucessor. Juscelino nem Getúlio conseguiram", disse Lula, segundo relato do assessor Gilberto Carvalho.
Lula se referia a Getúlio Vargas no período democrático (1951-1954), quando o então presidente não terminou o mandato. Ao fim de sua primeira passagem pelo governo, no entanto, o ditador Vargas lançou em 1945 a candidatura do ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra, que venceu a disputa. Mas, antes da eleição, Vargas foi deposto por um grupo que incluía o próprio Dutra e só manteve o apoio ao candidato por conveniência política. No pleito de 1960, Juscelino Kubitschek não emplacou Henrique Teixeira Lott, derrotado por Jânio Quadros.
Convidado para participar de uma carreata no ABC paulista, o presidente preferiu passar o sábado recolhido no apartamento da família em São Bernardo do Campo. A orientação dada por Lula era para evitar demonstrações de euforia, que passassem a impressão de que o grupo cantou vitória antes da abertura das urnas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.