O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o papel de cabo eleitoral da candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) hoje, em entrevista coletiva, no Rio de Janeiro. Perguntado sobre a questão do aborto, disse que Dilma já se manifestou sobre isso e que "tem gente no submundo que baixa o nível da campanha ao priorizar este assunto".
"Eu sofri este tipo de pressão em 1989, quando criticaram minha barba, a estrela, a cor vermelha do PT. Disseram até que eu ia acabar com as igrejas evangélicas, mas não tem um pastor neste País que não venha me agradecer pelo que eu fiz pela liberdade religiosa", afirmou, olhando diretamente para o Bispo Crivella.
"Não gosto de misturar os dois assuntos, mas se vocês me permitem... se tem alguém neste País que tem experiência de eleição sou eu. E ao contrário do que muitos dizem, eu gosto de segundo turno", disse ele, lembrando todas as vezes que disputou o segundo turno. Para o presidente, a diversidade cultural do Brasil exige isso e o segundo turno permite que "haja debate de ideias de maneira mais frontal".
Indagado sobre a posição que a candidata derrotada Marina Silva (PV) deverá tomar na eleição, ele lembrou que a "companheira Marina é de longa data com quem convivo há 30 anos e foi ministra durante dois terços do meu mandato, e só saiu quando quis".
"Sempre respeitei as decisões de Marina e acho que ela está no seu tempo para decidir. Talvez nem tome e queira ficar um pouco neutra, mas é importante que os eleitores estão se movimentando", disse. Para ele, o "tipo de voto que a Marina teve tem mais identificação com Dilma". "Muitos vão para a companheira Dilma".
Lula ressaltou que o principal recado que ficou das urnas é que, ao contrário do que se previa - que o povo tinha medo de eleger uma mulher - 67% dos votos no primeiro turno, em alguns lugares, como no Rio de Janeiro, até 77% dos votos foram para as mulheres. "O povo deu recado que nós queremos uma mulher na Presidência. E como só tem a Dilma de mulher no segundo turno acho que ela será favorecida por esta opinião."