A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, comemorou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de derrubar a exigência de que o eleitor apresente um documento com foto e o título eleitoral na hora de votar. Segundo a petista, a determinação vai facilitar o "ato de votação" para milhões de eleitores.
"Essa vitória no STF mostra que, agora, (a interpretação) não é uma concepção só do PT, mas mostra a convicção do Supremo no sentido de que a votação do dia 3 pode ser feita apenas com o documento de identidade. Isso significa a compreensão de que havia, de fato, restrição na exigência do outro documento", afirmou Dilma, em entrevista coletiva dada no Hotel Marriott, em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, onde ela está hospedada desde a noite de ontem.
Na avaliação da candidata, a exigência para se votar com dois documentos atingiria todos os segmentos da população e não apenas as camadas mais populares - na qual ela apresenta vantagem de acordo com as pesquisas de intenção de voto, e que seriam a grande preocupação do PT. "Todo mundo tinha a prática no Brasil de votar com a carteira de identidade. Chegava na mesa e tinha lá seu nome. Muito poucas pessoas lembravam de levar o titulo. Isso ia causar muita confusão."
A petista também disse ser vítima de assuntos polêmicos nos últimos dias de campanha. Para ela, está havendo uma tentativa de "aterrorizar as pessoas" e de "demonizar a sua candidatura". Ela considerou lamentável esse tipo de prática e que não tem o hábito de usar essa estratégia para atingir seus adversários.
"Acho lamentável. Tenho sido vítima de boatos sistemáticos. Eu não pego os boatos e vou acusar alguém. Não faço isso. Muita gente faz isso sem prova nem nada. Vai e sai acusando as pessoas", disse a petista. "Tem certos tipos de informação que beiram a tentativa mais grosseira de aterrorizar as pessoas e demonizar a minha candidatura. Não acredito que a população brasileira tenha qualquer dúvida sobre a minha candidatura."
Dilma ainda fez uma avaliação sobre os três meses de campanha e disse que se esforçou para fazer uma campanha propositiva e que não restringisse qualquer tipo de informação para o eleitor. Segundo ela, ficou claro que a sua candidatura representava a continuidade no caminho de mudança pelo qual o Brasil, segundo ela, está passando.
Dilma chegou a se emocionar e quase chorou ao lembrar de alguns momentos da campanha, como quando foi saudada por eleitores mais humildes da mesma forma como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva costuma ser saudado.
Marina
A ex-ministra ainda criticou o fato de sua adversária Marina Silva (PV) ter feito críticas sobre sua alegada posição favorável em relação a mudanças na legislação sobre o aborto. A petista disse que nunca escondeu sua posição pessoal contrária à prática, mas que, na sua avaliação, se trata de uma questão de saúde pública, e não de polícia. Disse que não pretende enviar qualquer projeto de lei para o Congresso sobre o assunto e que não vai convocar plebiscito sobre o tema - proposta apresentada por Marina.
Segundo Dilma, os países que fizeram plebiscito sobre a questão do aborto ficaram divididos e com muito atrito entre os grupos que tinham posições divergentes a respeito do assunto. Apesar de estar a poucas horas da realização do debate considerado mais importante para a campanha, a petista parecia irreverente.
Sorriu ao ser informada que a imprensa europeia estaria classificando como a nova "Dama de Ferro" da política brasileira e avaliando que ela poderia ser a mulher "mais poderosa do mundo". "Não me incomodo com mais nada nessa campanha", afirmou ela, sobre a maneira como a imprensa europeia a classifica.