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Analistas fazem avaliação positiva do discurso de Dilma

Agência Estado
01 nov 2010 às 17:33

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Analistas internacionais e brasileiros fizeram uma avaliação positiva do primeiro discurso da presidente eleita Dilma Rousseff (PT). Dois temas chamaram a atenção dos analistas e instituições financeiras sobre o pronunciamento da petista: o fortalecimento das agências reguladoras e a atenção especial à boa gestão dos gastos públicos, o que é essencial para distender a política monetária e tentar diminuir a sobrevalorização do câmbio.

"O avanço do papel das agências reguladoras na economia emite um sinal positivo para investidores em geral, sobretudo para os estrangeiros", comentou o sócio da consultoria Tendências, Juan Jensen. "Isto indica que o Brasil terá um bom ambiente de negócios nos próximos quatro anos, o que é essencial para atender a agenda de obras de infraestrutura, como a relativa a aeroportos, que está atrasada para eventos internacionais como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016", ressaltou.

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Durante sua campanha presidencial, Dilma afirmou que iria abrir o capital da Infraero, a empresa estatal que cuida da administração dos aeroportos do País. De acordo com um diretor que atua na área de Project Finance de um grande banco internacional, "há um apetite enorme de investidores de grande porte para atuar na área de aeroportos, não só de capitais, mas também de grandes cidades, com relevante importância econômica, como Ribeirão Preto", disse. "Os aeroportos nacionais, em geral, sofrem problemas sérios hoje, imagine se não melhorarem até a chegada da próxima Copa do Mundo", ressaltou Jensen.

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Na avaliação do professor da PUC-RJ e economista da Opus Gestão de Recursos José Márcio Camargo, a manifestação de Dilma Rousseff sobre o incremento do papel das agências reguladoras foi uma surpresa positiva. "Isso sugere que o próximo governo quer reduzir a participação relativa do governo nos investimentos de longo prazo e ampliar a atuação das empresas privadas", destacou. No ano passado, a Formação Bruta de Capital Fixo como proporção do PIB atingiu 16,7% e deve subir para 18% neste ano, segundo o economista do Santander, Cristiano Souza. Esta taxa, porém, é muito baixa em níveis internacionais - atinge 35% do PIB em países asiáticos - é só permitem que o País cresça de 4% a 4,5% por ano sem pressionar a inflação com vigor.

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Ampliar investimentos


Para o estrategista do banco WestLB Roberto Padovani, a principal marca do governo Dilma será a ampliação dos investimentos. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevê que serão investidos no País R$ 955 bilhões de 2011 a 2014 e mais R$ 613,4 bilhões após 2014, o que representará um total de R$ 1,586,4 trilhão. Há uma avaliação consensual das principais autoridades econômicas do governo, entre elas o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, um dos nomes cotados para assumir o ministério da Fazenda, que é "urgente" a necessidade do País de ampliar a Formação Bruta do Capital Fixo.

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Segundo Coutinho, para que o PIB potencial suba para um nível entre 5% e 5,5% é fundamental que a formação bruta de capital fixo (FBCF) aumente para uma marca entre 23% e 24% do produto interno bruto. Ou seja, é preciso que o montante de investimentos suba pelo menos 5 pontos porcentuais do PIB para que Brasil possa crescer a uma marca mais próxima do que ocorre em outros países emergentes.


"A ampliação dos investimentos de longo prazo é muito importante para diminuir uma série de carências estruturais e de logística que o País possui, como nas áreas de transportes, energia e saneamento", frisou Padovani. Luciano Coutinho defende a redução gradual da participação relativa do BNDES na ampliação da Formação Bruta de Capital Fixa no Brasil e aumento da parcela do setor privado na FBCF nacional, inclusive com o fortalecimento do mercado de capitais nacional.

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"O sinal emitido por Dilma Rousseff sobre as agências reguladoras visa acabar com qualquer impressão de que ela é esquerdista demais e quer plena interferência do Estado na atividade empresarial no País", comentou o diretor para a América Latina do Eurasia Group, Christopher Garman. "Este tipo de avaliação não procede. Basta ver que a agência reguladora da área de energia (Aneel) setor que a presidente eleita conhece bem, é uma das mais fortes", ressaltou,


Gastos Públicos


Para o professor José Márcio Camargo foi positivo Dilma Rousseff ter manifestado ontem em seu discurso que vai dar destaque em sua administração à boa gestão das contas públicas. "Acredito que há boas possibilidades de que o superávit primário, sem descontos de investimentos públicos, suba para 3,3% do PIB em 2011 e 2012, como é a hipótese de trabalho do Banco Central", comentou. Para ele, contudo, tal poupança do Orçamento é insuficiente para que a dívida pública líquida baixe dos atuais 40% para 30% do PIB em 2014, como afirmou a presidente eleita durante a campanha. "Para atingir tal objetivo, seria necessário elevar o superávit primário para uma marca média de 3,8% para os próximos quatro anos", disse.

Na opinião de Juan Jensen, é possível que o novo governo faça um superávit primário maior nos dois primeiros anos de mandato, mas tal poupança do Orçamento deve baixar de forma considerável em 2013 e 2014 devido à agenda eleitoral. "Em função das próximas eleições presidenciais, os gastos do Poder Executivo deverão subir bem e o ajuste fiscal nesse biênio deve diminuir ante o que será registrado nos dois anos anteriores", destacou.


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