A indústria do Paraná começa a sentir os efeitos da crise financeira internacional. Em outubro, as exportações paranaenses caíram 10,59% em relação ao mês anterior, informou nesta quarta-feira (25) o Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) em seu relatório mensal do desempenho do Comércio Exterior paranaense. As exportações, no entanto, acumulam alta de 30,24% no ano em relação aos dez primeiros meses de 2007.
"Neste momento, a indústria se ressente da falta de crédito para exportação", afirma o presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures. Para ele, o quadro pode ficar ainda mais complexo por causa da retração das economias desenvolvidas, o que tende a reduzir as exportações de muitos países emergentes e gerar um excedente de matérias-primas e produtos manufaturados.
"A capacidade para resistir a essa nova onda depende de sermos mais competitivos em escala global", destaca Rocha Loures. "Não podemos subestimar a crise nem superestimar a nossa capacidade de enfrentá-la. Temos competência e condições de lidar com ela, e é exatamente isso que está sendo colocado à prova", diz Rocha Loures.
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Apesar da queda no volume de exportações, a desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar provocou um aumento da receita gerada em reais, que cresceu 14,24% de janeiro a outubro deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. No acumulado do ano, a indústria do Paraná vendeu US$ 13,399 bilhões para o exterior, equivalentes a R$ 23,121 bilhões, considerado o câmbio mensal divulgado pelo Banco Central.
As importações, por sua vez, permanecem em expansão, registrando aumento de 73,23% no acumulado do ano. O volume financeiro atingido em outubro foi de US$ 12,564 bilhões. No mês, as importações superaram as exportações, resultando em um déficit de US$ 362 milhões na balança comercial. A expectativa da Fiep é que o ritmo das importações diminua até o fim do ano, e que a balança comercial termine superavitária. A diminuição é prevista pela queda já registrada na importação de bens de consumo em outubro, que diminuiu 27,24%.
Exportações – Empurrado pela boa safra e pelos bons preços internacionais, o Complexo Soja é o grupo de produtos líder em valor de exportação nos dez primeiros meses do ano, com uma participação de 30,53% na pauta de exportações, tendo crescido 72,73% em vendas na comparação entre 2008 e o ano passado. Em seguida aparecem os grupos de Material de Transportes (15,75% de participação) e Carnes, com 13,20%. Dentro dos 15 grupos de produtos pesquisados, somente três apresentam redução nas exportações em relação aos dez primeiros meses de 2007: Madeira (-11,04%), Materiais Elétricos e Eletrônicos (-0,47%) e, pela primeira vez no ano, Cereais (-18,68%).
Importações – Na participação relativa de grupos de produtos importados, o grupo de Produtos Químicos continua a ocupar a primeira posição (participação de 25,03%), com aumento acumulado de 102,87% em 2008. Em segundo lugar aparece Petróleo e Derivados (23,43%), com acumulado de 123,35%. Produtos Químicos são, na sua maioria, adubos, fertilizantes e outros produtos destinados à agricultura. Petróleo e Derivados representam exclusivamente petróleo. O Complexo Soja apresentou o maior aumento (310,15%) em decorrência do acréscimo de importação de soja do Paraguai, que aumentou sua quantidade em peso (762,08%) e em valor devido ao aumento de preços internacionais em 202,94%.