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Desigualdade

Correção do salário mínimo restitui somente parte das perdas do poder de compra do trabalhador

Vitor Ogawa/Grupo Folha
01 jan 2022 às 14:25

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- Pixabay
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O economista e professor da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), Marcos Rambalducci, afirma que a correção de 10,2% sobre o salário mínimo federal restitui em parte as perdas no poder de compra do trabalhador. “Em parte porque os salários mais baixos dedicam uma maior fração para a compra de alimentos básicos cujo aumento foi de 17% ao longo de 2021 na comparação com 2020. Também é preciso lembrar que este poder de compra, recomposto por esta correção, vai sendo perdido à medida que a inflação avança e que deve ficar próximo a 6% ao final de 2022.” 


Embora os rendimentos do trabalho informal sejam menores, na média, que os rendimentos do trabalho com carteira assinada, ele observou que a tendência verificada ao longo dos anos é que ele também acompanhe este percentual de recomposição. “Para atender as necessidades do trabalhador, conforme consta na Constituição, o salário mínimo do trabalhador deveria superar R$ 5,2 mil.” Ele argumenta que a realidade econômica do Brasil está distante de ter capacidade de produção para atender dignamente toda a necessidade de uma pessoa. “Precisamos ter produção capaz de atender a esta demanda, caso contrário a única coisa que teremos é a inflação. Além disso, imagine o nível de desemprego provocado com um piso desta magnitude. Quem poderia contratar, por exemplo, uma auxiliar doméstica? Sem contar na impossibilidade das contas públicas arcarem com tal despesa”, apontou. 

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“Não vislumbro uma possibilidade neste momento de termos uma elevação nos salários que realmente aumentasse o poder de compra do assalariado sem causar um desarranjo em todo setor produtivo. Aumentos reais precisam necessariamente ser acompanhados de aumento da produção e é irreal achar que o aumento dos salários provoca aumento da produção. Em tais circunstâncias a única coisa que provoca é a inflação. É importante sempre lembrar que não comemos dinheiro, comemos arroz e feijão. Um aumento nos salários deve estar atrelado ao aumento de arroz e feijão”, pontuou. 

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