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Crescimento estimado em 5%

Comércio está otimista com vendas de Natal, apesar de dólar caro e juros altos

Gustavo Gonçalves - Folhapress
16 dez 2024 às 15:45

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- Rovena Rosa/Agência Brasil
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Associações do comércio estão otimistas para o período de compras natalinas, mesmo diante de juros elevados e dólar alto. Em São Paulo, o varejo projeta crescimento de até 5% nas vendas de Natal em comparação com 2023, segundo a FecomércioSP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo). O desempenho será impulsionado pelo impacto do 13º salário, pela estabilidade da inflação e pelo mercado de trabalho aquecido.


A receita do setor no estado deve atingir R$ 139,4 bilhões em dezembro, um crescimento estimado entre 3% e 5% em relação ao ano passado. Supermercados lideram o avanço, com alta de 9% nas receitas, seguidos por concessionárias de veículos (20%) e farmácias (11%).

Segundo o economista da FecomércioSP Fábio Pina, o otimismo para o Natal reflete o aumento na renda disponível e a expansão do crédito, que elevam a capacidade de consumo. "Os efeitos das taxas de juros e do dólar elevado ainda não chegaram totalmente à ponta. Importadores e varejistas, em muitos casos, fecharam contratos antes dessas oscilações", diz.

O especialista diz que devem influenciar positivamente o consumo o aumento da renda disponível, a expansão do crédito e o crescimento do número de trabalhadores com carteira assinada. "Com mais pessoas empregadas na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), o impacto do 13º salário se torna ainda mais relevante na decisão de compra", afirma.

Ainda assim, os preços de produtos importados preocupam. O professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), Roberto Kanter, faz alerta de que empresas que não anteciparam compras enfrentam custos mais altos, repassados ao consumidor. "Itens como eletrônicos e alimentos importados estarão caros. Por outro lado, quem aproveitou a Black Friday para importar conquistou vantagens", analisa.

Na capital paulista, o comércio prevê movimentar R$ 43,2 bilhões, alta de 7,7%, com destaque para eletrodomésticos e eletrônicos, que devem crescer 27%, impulsionados por inovações tecnológicas e pela época do ano.

Nos centros de compras tradicionais como Brás e 25 de Março, na região central da capital paulista, as expectativas também são positivas. O vice-presidente da Alobras (Associação de Lojistas do Brás), Lauro Pimenta, aponta que a diversidade de público impulsionou as vendas de eletrônicos, uma novidade para a região. "Esperamos um aumento de 10% nas vendas, graças à nova demanda e à competitividade dos preços no setor têxtil, mesmo com o dólar em alta", afirma.

A Univinco (União de Lojistas da 25 de Março) projeta alta de 6% no comércio popular da região, com destaque para itens de decoração natalina, como árvores e pisca-piscas, que já estão se esgotando. "A economia estabilizada trouxe mais confiança ao consumidor, e isso se reflete no movimento crescente", avalia.

Os shopping centers também veem o Natal como um marco de retomada. De acordo com a Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), 97% dos empreendimentos esperam crescimento nas vendas, em média de 6,9%, totalizando R$ 6,02 bilhões. Estratégias como ampliação do horário de funcionamento e promoções são apostas para atrair clientes, com fluxo previsto 6% maior que o de 2023.

O ticket médio deve alcançar R$ 217,34, enquanto categorias como vestuário (88%), cosméticos (80%) e calçados (70%) lideram as intenções de compra. "O Natal é o principal momento do ano para o varejo em shopping centers. Acreditamos que a diversidade de produtos, a conveniência e as experiências únicas continuarão a atrair e encantar os consumidores", diz o presidente da Abrasce, Glauco Humai.

PERFIL E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

Uma pesquisa da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) mostra que 46,6% dos brasileiros pretendem presentear neste Natal, aumento em relação a 2023. Entre os consumidores, 35,2% planejam gastar mais, com valores entre R$ 50 e R$ 600. A renda maior e o emprego aquecido explicam o otimismo.

Além disso, 80,7% dos entrevistados não anteciparam as compras na Black Friday, reforçando o potencial de expansão em dezembro. "O consumidor voltou a confiar no comércio, reflexo de uma economia mais ajustada", afirma o economista da ACSP, Marcel Solimeo.

A pesquisa aponta que a maioria das compras será realizada em grandes redes varejistas (44,7%), com 58,9% optando por compras presenciais, tradição no Natal. Entre os entrevistados, 43,7% planejam usar a segunda parcela do 13º para presentear, enquanto 41,4% descartam essa possibilidade.

Os itens mais procurados incluem roupas, calçados e acessórios (42,4%), que somados a joias, bijuterias e perfumes, representam 77,6% das intenções de compra. Artigos típicos da época, como brinquedos, enfeites e alimentos para a ceia, também aparecem com força, alcançando 77,3%.

Eletrônicos, como celulares e notebooks, e eletrodomésticos, como televisores e micro-ondas, tiveram maior intenção de compra em relação a 2023 (5,4% e 17%, respectivamente). No entanto, os juros elevados explicam a menor disposição para financiar compras no crédito.

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