Para o consumidor comum, a alta do dólar eleva os gastos nas viagens de férias, encarece as compras de itens importados e, internamente, puxa para cima a inflação porque muitos itens fabricados no Brasil sofrem influência da moeda norte-americana.
Mas para o setor produtivo, a variação cambial não é de todo ruim. Apesar de aumentar os custos de produção, quem exporta se beneficia da valorização do dólar frente ao real. Em alguns setores, como no agronegócio e na indústria, o momento é de aproveitar as oportunidades.
No decorrer desta semana, o câmbio ficou um pouco mais estável, mas desde o início deste mês tem sido um dos temas mais comentados entre os economistas em razão da sua forte interferência na política monetária nacional.
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No último dia 1, a cotação do dólar chegou a R$ 5,64, o maior valor registrado desde 10 de janeiro de 2022. Em junho, o dólar subiu 6,4% e até o início de julho, a moeda norte-americana acumulava alta de 15% no ano.
São muitos os fatores que provocaram a valorização cambial, mas entre eles, alguns se destacam, como o aquecimento econômico nos Estados Unidos. Com baixo nível de desemprego, o governo norte-americano aumentou a taxa de juros para conter a inflação, medida que atraiu investidores.
Ao mesmo tempo, o Brasil teve queda nas exportações de minério de ferro e petróleo, o que reduziu o ingresso de dólar no país. “Com menos dólar para receber, há menos oferta da moeda americana e o dólar sobe”, explicou o técnico do Departamento Técnico e Econômico do Sistema Faep/Senar-PR, Luiz Eliezer Ferreira. Há ainda a preocupação com a política fiscal do governo, que indica a possibilidade de déficit.
No setor do agronegócio, o impacto da alta do câmbio tem dois lados. Embora aumente os custos de produção, uma vez que grande parte dos insumos usados nas lavouras brasileiras é importada, o dólar em uma cotação mais elevada beneficia as exportações, com a valorização das commodities.
“O preço da soja subiu. A soja acompanha bem esse movimento do dólar nas últimas semanas, mas ele é apenas uma das peças do quebra-cabeça para a formação do preço das commodities”, disse Ferreira.
No início da semana passada, quando a alta do dólar atingiu o pico, a saca da soja acompanhou esse movimento e chegou a ser cotada em R$ 137,68 em 3 de julho, em uma demonstração da grande volatilidade deste mercado. Trinta dias antes, o preço da mesma saca era de R$ 132,47, uma valorização de 3,9%.
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