Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade
'Co-culturas'' entre animais

Aspectos culturais também são compartilhados entre espécies diferentes na natureza, diz estudo

Reinaldo José Lopes - Folhapress
22 jul 2024 às 17:40

Compartilhar notícia

- Imagem de Freepik/Ilustrativo
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

Certos elementos da cultura de animais não humanos podem ser capazes de atravessar a barreira entre espécies, fazendo com que bichos muito diferentes entre si desenvolvam tradições compartilhadas ao longo do tempo, afirma uma dupla de pesquisadores.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Leia mais:

Imagem de destaque
Neurocirurgião orienta

Sofreu uma queda na piscina? Saiba o que fazer em caso de acidente grave

Imagem de destaque
Reforma do Imposto de Renda

Isenção por problemas de saúde será restrita a renda de até R$ 20 mil

Imagem de destaque
Direitos LGBTQIA+

Justiça de Hong Kong reconhece direitos de moradia e herança para casais do mesmo sexo

Imagem de destaque
Confira a pesquisa

Crise climática afeta de forma desproporcional saúde de pessoas negras e indígenas no Brasil, aponta análise

A ideia pode parecer maluquice à primeira vista, mas já há uma massa considerável de dados indicando que esse tipo de fenômeno, apelidado de "co-culturas", está acontecendo em diversos lugares do mundo, afirmam os autores de um novo estudo sobre o tema.

Publicidade


Cédric Sueur, da Universidade de Estrasburgo (França), e Michael Huffman, do Centro de Pesquisas sobre Vida Selvagem da Universidade de Kyoto (Japão), apresentaram critérios para identificar possíveis co-culturas em artigo publicado há pouco na revista científica Trends in Ecology & Evolution.


Alguns dos exemplos aventados pelos dois envolvem a participação de seres humanos, os quais, é de se imaginar, seriam mais conscientes ao travar contato cultural com diferentes espécies. Mas o fenômeno também é capaz de emergir quando outros animais começam a interagir entre si.

Publicidade


Talvez o exemplo mais chocante venha do próprio Japão, onde Huffman trabalha. No país asiático, certas populações de macacos-japoneses (Macaca fuscata) e de sikas (Cervus nippon, uma espécie de veado de pequeno porte) simplesmente parecem ter virado amigas.


A coisa parece ter começado com o fato de que os sikas seguem os primatas para se alimentar dos frutos que os macacos deixam cair das árvores e (com o perdão dos leitores de estômago mais delicado) também para comer suas fezes. Alguns macacos chegam a catar piolhos dos ungulados. Na ilha de Yakushima, a proximidade é tamanha que os veados permitem que os primatas os cavalguem. Também nessa ilha, bem como em outra localidade, há contato sexual entre as espécies.

Publicidade


Outros casos não costumam ser tão íntimos, mas há diversos outros exemplos bem documentados de colaboração entre espécies diferentes. Em Moçambique e na Tanzânia, o célebre pássaro-indicador (Indicator indicator) aprendeu que conduzir seres humanos da região até colmeias de abelhas selvagens faz com que ele ganhe um suculento repasto de cera (sim, a ave se alimenta dessa matéria-prima), enquanto as pessoas coletam mel.


Esse tipo de busca colaborativa de alimentos acontece também quando o assunto é caça. Corvos costumam levar lobos até locais onde há carcaças de animais, porque os carnívoros de grande porte conseguem retalhar a carne de uma maneira que facilita o acesso dos corvos à comida mais tarde (já que os bicos deles não conseguem cortar grandes pedaços). E os golfinhos-nariz-de-garrafa e as falsas-orcas da Nova Zelândia costumam formar cardumes mistos, chegando a mais de 300 indivíduos, para confinar e consumir aglomerados de peixes.

Publicidade


Por que não considerar esse tipo de colaboração como uma forma de comportamento instintivo?

Acontece que tais interações não são universais, aparecendo apenas em algumas subpopulações de cada espécie, e precisam ser aprendidas e transmitidas por cada nova geração, além de não serem motivadas apenas pelo ambiente específico. É por isso que os cientistas destacam a semelhança entre elas e as tradições culturais humanas.

Publicidade


Além disso, como no caso dos macacos-japoneses e dos sikas, nem sempre o aprendizado mútuo tem a ver com a alimentação. Em algumas espécies de aves, por exemplo, os tipos de canto, uma forma importante de sinalização, podem acabar convergindo acusticamente -ou seja, ficam mais semelhantes ao ouvido. E há ainda o compartilhamento de "plantas medicinais", com várias espécies consumindo os mesmos vegetais quando ficam doentes.


Um elemento importante que ainda precisa ser investigado, segundo a dupla de pesquisadores, tem a ver com os mecanismos cognitivos que permitem que certas espécies e certos indivíduos consigam aprender com animais de espécies diferentes. Isso poderia trazer dados relevantes para entender a evolução da inteligência animal de maneira mais ampla, dizem eles.


LEIA TAMBÉM:


Imagem
Aparição de baleias-jubarte no Brasil cresceu 30 vezes em 30 anos, dizem pesquisadores
Pesquisadores do projeto Baleia Jubarte comemoraram no catamarã quando avistaram, no começo deste mês, uma baleia-jubarte fêmea nadando com o filhote no mar do Rio de Janeiro. Foi a segunda vez que viram um filhote na costa fluminense.
Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo