Em meio ao um surto sem precedentes de toxoplasmose, a cidade de Santa Maria (RS) corre o risco de ficar sem medicamentos para a doença até o fim de junho. Em 2017, o Ministério da Saúde publicou nota afirmando que passaria a centralizar as compras dos produtos. Mas nenhum lote extra foi enviado.
"O atendimento até agora foi garantido por meio de remanejamentos de estoques. A cidade recebeu doações, trocas de cidades próximas do Rio Grande do Sul, do Paraná e agora é esperado um lote de São Paulo", afirma o delegado da 4.ª Coordenadoria Regional de Saúde do Rio Grande do Sul, responsável pela vigilância em 32 municípios do Estado, Roberto Schorn.
A secretária de Saúde de Santa Maria, Liliane Mello Duarte, não esconde a preocupação. "Fizemos o que estava ao nosso alcance. Uma compra no valor de R$ 30 mil foi realizada. Mas estamos chegando a uma situação limite, sobretudo diante do surto enfrentado pela cidade."
A situação pode se agravar ainda mais porque os cálculos foram realizados tomando por base os dados da semana passada, quando a cidade relatava 480 casos da doença. Como o jornal O Estado de S. Paulo mostrou nesta segunda-feira, 11, o número de infecções confirmadas saltou para 510. Há ainda outras 212 em investigação. Desse grupo, a maioria é de gestantes: 133. Também constam 17 casos de toxoplasmose congênita, bebês que nasceram com suspeita de ter contraído a doença ainda no útero da mãe.
Diante da ameaça da falta de remédios, o Ministério Público Federal (MPF) ingressou com uma ação civil pública para que o Ministério da Saúde garanta a compra dos medicamentos.
Governo federal
O coordenador de doenças transmissíveis do Ministério da Saúde, Renato Alves, informou que uma remessa de parte dos medicamentos seria enviada para Santa Maria até julho. Um dos produtos adotados no tratamento, no entanto, estaria disponível só em outubro. O atraso teria sido provocado por problemas na licitação, informou.
O ministério afirma ainda que, embora haja a determinação de a pasta passar a distribuir o remédio, uma nota técnica determinava que a aquisição dos medicamentos ficaria a cargo de Estados e municípios até que o governo federal conclua os processos de aquisição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.