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Impacto na vegetação

Incêndios e fumaça podem piorar no Brasil em setembro devido à seca e a novas ondas de calor

Lucas Lacerda - Folhapress
04 set 2024 às 22:00

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- Divulgação/Brigada de Alter do Chão (PA)
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O monitoramento de seca no Brasil indica que setembro pode ter ainda mais ocorrências de incêndios do que nos meses anteriores. Já o impacto na vegetação, identificado em dados dos últimos três meses, aumenta o risco de propagação do fogo.

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A situação se complica com a previsão de mais ondas de calor para o mês e chuvas abaixo da média até novembro, e até a ocorrência de frentes frias pode contribuir para novos episódios como os vistos de 19 a 25 de agosto, com salto nos focos de incêndio em estados como São Paulo e Mato Grosso e cidades cobertas de fumaça.

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Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a previsão de temperaturas para setembro em grande parte do país é de registros acima da média, principalmente em áreas de estados como Pará, Amazonas, Rondônia, Tocantins e Mato Grosso.


A principal medida contra essa combinação de fatores de risco, segundo especialistas, é o reforço na fiscalização.

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Dados do índice integrado de secas do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) enviados à reportagem mostram que a maior parte do país está em estágio de atenção para o problema, que combina a falta de chuvas, a umidade do solo e o estresse vegetativo, o impacto nas plantas. O indicador considera os meses de junho, julho e agosto (até o dia 27).


Com o índice decomposto entre o déficit de chuva e a umidade do solo (atenção) e déficit de chuva e estresse vegetativo (alerta), é possível identificar no mapa que quase todas as unidades da federação têm alguma área com alto risco de propagação do fogo.

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"Dadas as condições atuais, a previsão é que essa situação continue, porque o índice de vegetação evolui muito devagar. Então se o nível já está baixo neste mês, a probabilidade de que continue assim é muito alta para o mês seguinte, especialmente sem chuva", afirma Marcelo Zeri, pesquisador do Cemaden.


O estresse vegatativo, ele diz, pode ser detectado pela temperatura e pela cor da planta, que são analisadas por satélites da Noaa (Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA). "Se uma planta está muito seca, fica mais quente, o que ajuda a indicar a saúde dela, porque uma planta saudável, num ambiente mais úmido, vai estar mais verde."

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Zeri aponta ainda que o norte de São Paulo, um dos atingidos por incêndios nas últimas semanas, já exibe uma condição de seca há vários meses.


Mas a previsão climática não ajuda a reverter esse quadro, já que não deve haver chuva significativa nas próximas semanas. Segundo o meteorologista Marcio Cataldi, professor no departamento de engenharia agrícola e ambiental da Universidade Federal Fluminense, o Brasil, que está chegando ao fim de sua estação seca, só deve ver mais precipitação em outubro.

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"Mas o que deve chover em setembro é ainda menos do que a climatologia, então temos um risco muito grande da propagação de incêndio."


Segundo o pesquisador, o vento é um perigo para acelerar esse espalhamento do fogo. E o que pode dar esse empurrão na circulação atmosférica são as frentes frias, geralmente associadas a um alívio após dias de muito calor e à chegada de umidade.

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"Se passa um sistema que vai ocasionar vento, um vento intenso, fica quase impossível controlar o fogo rapidamente. Mesmo com muita tecnologia."


Ele defende reforço na fiscalização e melhorias na identificação dos focos. "Tem que ser todo mundo junto. Eu trabalhei durante 13 anos no Operador Nacional do Sistema Elétrico, peguei crise hídrica e, resumindo, você precisa bancar a ida de recursos para a sua área. Ou vira um limbo. E infelizmente acho que isso está acontecendo com o [setor de] meio ambiente."


Uma tecnologia que poderia ajudar na identificação do que a de satélites, diz Cataldi, é a instalação de sensores que detectam o aumento de CO², o gás carbônico, e permitem o acionamento mais rápido de brigadas.


Segundo o pesquisador, o modelo foi aplicado em um projeto em parceria da UFF com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) no Parque Nacional do Itatiaia, entre Rio de Janeiro e Minas Gerais, e já é usado amplamente em países europeus.


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