A Comissão Nacional da Verdade recebeu nesta terça-feira mais documentos entregues por representantes do governo do Rio Grande do Sul. Em novembro passado, a comissão já havia recebido papéis encontrados na casa do coronel reformado do Exército Júlio Miguel Molinas Dias, assassinado quando chegava em sua casa, em Porto Alegre.
Os documentos entregues em novembro diziam respeito a dois episódios: a morte do deputado cassado Rubens Paiva, em 1971, e o atentado ao Riocentro, durante a comemoração do Dia do Trabalhador, em 1981. Segundo o coordenador da comissão, Cláudio Fonteles, as 40 novas páginas entregues nesta terça são só uma "complementação".
"A documentação é só coisas formais, burocráticas, eu tenho de ver o que é", disse o coordenador, após deixar as dependências do Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília, onde está instalado o grupo.
A comissão também assinou nesta terça um acordo de cooperação técnica com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que prevê a aplicação de R$ 4,3 milhões até 2014 em estratégia de pesquisa e sistematização de informações.
Mais cedo, pela manhã, Fonteles se reuniu com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto e ficou de agendar um encontro dela com os integrantes da comissão. "Foi simplesmente uma conversa. Conversamos sobre tudo, até sobre filosofia", afirmou.
O coordenador da Comissão Nacional da Verdade disse que vai deixar a coordenação da comissão e que o seu substituto deverá ser escolhido no dia 28 de janeiro.
Entre os objetivos da comissão estabelecidos em lei estão "esclarecer os fatos e as circunstâncias dos casos de graves violações de direitos humanos" entre 1946 e 1988 e "promover o esclarecimento circunstanciado dos casos de torturas, mortes, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres e sua autoria, ainda que ocorridos no exterior".