A Polícia Civil de São Paulo investiga uma estudante de medicina da USP acusada por colegas de ter desviado R$ 920 mil do fundo de formatura de sua turma na Faculdade de Medicina.
Alicia Duddy Muller Veiga, 25, é investigada sob suspeita de apropriação indébita do fundo, além de estelionato e lavagem de dinheiro, depois tentar apostar, sem pagar, um total de R$ 891 mil em bilhetes da Lotofácil.
A reportagem tentou contato com Veiga, mas ela não respondeu. A polícia não informou quem seria seu advogado.
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Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), os estudantes descobriram a possível farsa no último dia 6 de janeiro, quando a própria suspeita relatou o caso em um grupo de WhatsApp. Aos colegas ela disse que teria investido o dinheiro do fundo em uma corretora e sofreu um golpe.
"Estou escrevendo para dizer que não temos dinheiro. Com toda a dor, culpa e arrependimento que vocês podem imaginar", diz a mensagem da estudante enviada no grupo.
"Nosso dinheiro foi todo repassado pra Sentinel Bank. Uma 'investidora' [sic] que no final das contas não se passava de um grande golpe e nunca mais retornou nem com o dinheiro investido, nem com os rendimentos. Na época o valor transferido foi de 750/800 mil reais. O valor restante foi gasto em advogado para tentar reaver o dinheiro, fiz tudo o que deu", diz a mensagem.
Depois de a estudante ter revelado aos colegas que perdeu o dinheiro, eles descobriram que já havia uma investigação contra ela em andamento.
Em junho do ano passado, ela passou a ser investigada por suspeita de lavagem de dinheiro, quando a dona de uma casa lotérica de 59 anos procurou uma delegacia em São Bernardo do Campo (Grande SP) para registrar uma tentativa de golpe.
Segundo o boletim de ocorrência, em 12 de julho, Veiga foi à lotérica e encomendou R$ 891,5 mil em bilhetes da Lotofácil. A dona disse que a estudante era uma cliente frequente e costumava fazer apostas quase que diariamente, em valores próximos a R$ 10 mil.
Porém, no dia 12 de julho, ela teria deixado um prejuízo de R$ 192.908,47, após ter feito o agendamento do valor via Pix, sem pagar efetivamente pelas apostas que realizou.
Uma das vítimas da faculdade disse à reportagem que suspeita de que a estudante tenha desviado o dinheiro do fundo para si mesma e simulou um golpe ao dizer que perdeu os investimentos. Segundo ele, as apostas na loteria seriam uma tentativa de lavagem de dinheiro.
Segundo a vítima, 110 alunos foram afetados pelo desvio. A cerimônia de formatura, a colação de grau e o baile dos formandos estão previstos para o início de 2024.
Em nota, a Faculdade de Medicina disse que foi informada recentemente do caso e que comunicou os fatos à reitoria. "Portanto, aguardará a apuração preliminar e as orientações da USP", disse.
A reportagem procurou o Sentinel Bank, mas não teve resposta.